PELA JANELA
Enquanto até ali tudo parecia ordenado e regular, a etapa seguinte da história será apresentada como uma sucessão de instantes aleatórios, aberta ao acaso e à descoberta.
José, preocupado com a depressão de Rosália, leva-a na viagem que ele tem de fazer de São Paulo a Buenos Aires para entregar um carro.
Esse recurso elementar de todo “road movie” serve aqui também para representar a jornada interior por meio da qual Rosália se redescobre, retoma os fios perdidos de sua história e rompe a existência uniforme de operáriapadrão.
No lugar da progressão convencional, a diretora faz a opção por uma estrutura narrativa fluida, ajustando a duração das cenas aos afetos da personagem, equilibrando tensões e respiros.
Para isso, Leone conta com o trabalho excepcional de Magali Biff, que empresta não apenas espessura emocional à personagem.
É por meio do trabalho corporal e gestual de sua intérprete que Rosália ganha densidade, torna-se palpável, perdendo a invisibilidade que a condenara ao nada. DIREÇÃO Caroline Viecili Leone ELENCO Magali Biff, Cacá Amaral, Mayara Constantino, Rony Koren, Solange Davi Candido PRODUÇÃO Brasil/Argentina, 2017, 10 anos QUANDO em cartaz desde esta quinta (18) AVALIAÇÃO muito bom ruim regular