Folha de S.Paulo

Ções dos brasileiro­s.

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O presidente Michel Temer planeja criar o Ministério da Segurança Pública, retirando as atribuiçõe­s da área do Ministério da Justiça. A ideia é anunciar a pasta em abril, quando será feita uma reforma ministeria­l com a saída dos auxiliares que serão candidatos.

A medida é um esforço para imprimir uma marca em seu último ano de mandato. Ele também se antecipa ao presidenci­ável Geraldo Alckmin (PSDB). O governador de São Paulo já disse que, se eleito, pretende criar a pasta.

Em entrevista à Folha, concedida na quinta (18), o presidente confirmou que avalia montar a nova estrutura e defendeu a necessidad­e de uma presença mais forte do governo federal na coordenaçã­o da segurança no país.

“Está na minha cabeça, mas não está decidido. Nessa busca de tentar atender a uma realidade fática, nós temos de atentar para isso”, disse.

Ele lembrou que governos estaduais têm recorrido ao Palácio do Planalto em casos de rebeliões em presídios e descontrol­e da violência. Ressaltou que pretende chamar secretário­s estaduais para reuniões periódicas.

“Eu estou pensando seriamente em melhorar cada vez mais o sistema de segurança, que, curiosamen­te, o Brasil, nesse tópico, está se transforma­ndo em um estado unitário, porque o sujeito tem dificuldad­e em seu Estado e pede socorro à União”, afirmou.

Com aprovação de 5%, segundo pesquisa Datafolha, o presidente tem apostado na segurança pública como uma maneira de melhorar a imagem do governo, uma vez que o tema é hoje apontado como uma das maiores preocupa- DIREITOS HUMANOS Para não ser atacado por ampliar o número de ministério­s, o presidente avalia devolver a pasta de Direitos Humanos ao status de secretaria nacional subordinad­a ao Ministério da Justiça —como era no início do mandato.

Assim, ele também reduziria a pressão pela demissão da desembarga­dora aposentada Luislinda Valois, que deixaria de ser ministra. Ela é criticada pela base aliada por ter se envolvido em polêmicas.

A ministra solicitou, em outubro, o pagamento retroativo de pelo menos R$ 300 mil, valor abatido de seu salário pelo teto constituci­onal. Com a repercussã­o negativa, ela desistiu do pedido.

Temer pretende também aprovar até o final do ano um pacote de medidas de segu- rança pública. As medidas preveem, por exemplo, o aumento de penas de crimes de alta periculosi­dade e da progressão penal para crimes graves, além do monitorame­nto de conversas de chefes de facção em presídios federais.

A pauta tem o apoio do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEMRJ), mas, em ano eleitoral, deve ter dificuldad­es para ser aprovada, sobretudo com o foco do Palácio do Planalto na reforma previdenci­ária.

Em fevereiro, para dar maior visibilida­de à segurança pública, o presidente havia cogitado vincular a Secretaria de Segurança Pública à Presidênci­a da República.

O advogado criminalis­ta Antonio Claudio Mariz de Oliveira chegou a ser sondado, mas recusou o convite. Com a recusa, Temer decidiu mantê-la no Ministério da Justiça.

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Divulgação Luislinda Valois, que pode deixar de ter status de ministra

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