Brasileiros movimentam setor de negócios e serviços em Portugal
Imigrantes com alto poder aquisitivo levam à criação de empresas direcionadas a seus interesses
Festas infantis superproduzidas, deliveries e locação por Skype são algumas das novas oportunidades FOLHA,
A nova leva de brasileiros com alto poder aquisitivo que se instalou em Portugal está impulsionando uma série de serviços e negócios que eram quase inexistentes no país.
É o caso das festas infantis com ares de superprodução, que se proliferam na esteira da chegada das famílias brasileiras.
“É cultural. Em Portugal, mesmo as pessoas mais ricas não tinham o hábito de fazer festas grandes para as crianças. O normal era só um bolinho do supermercado mesmo, com sucos e refrigerantes”, diz a empresária brasileira Liliani Wietcovsky.
Proprietária da empresa de organização de eventos Lima Limão, criada há cinco anos, ela diz que a chegada de mais brasileiros teve bastante impacto no mercado, com demanda cada vez mais consistente por festas com decoração caprichada e menu farto.
“O brasileiro está acostumado a fazer festas bem produzidas e traz esse hábito com ele mesmo mudando de país. Aliás, o brasileiro muitas vezes quer tudo igual ao que tinha no Brasil, mesmo que não exista fornecedor de quibe, esfirra e coxinha por aqui”, brinca ela.
Sócia de Liliani, a designer portuguesa Paula Mendes diz que o consumidor brasileiro está disposto a pagar bem, “mas é muito exigente”.
Tanta exigência é perceptível também no mercado imobiliário, onde os brasileiros viraram os clientes favoritos de muitos corretores, que oferecem até visitas via Skype para fechar negócio.
“Há alguns anos eu não imaginava vender uma casa Barcellos, que há dez anos trocou o Rio por Cascais, ela abriu a Why (We Host You), que é uma espécie de assessoria para ajudar quem quer trocar o Brasil por Portugal.
Esse tipo de serviço, chamado de “relocation”, tem se proliferado no país, muitas vezes comandado por brasileiros que já tem experiência com os trâmites burocráticos.
“Mesmo os notários [cartórios] e os gerentes de banco já se dispõem a fazer um atendimento personalizado, ir até o cliente. Isso é muito recente, de um ano para cá, e com certeza tem a ver com esses brasileiros que chegaram agora”, avalia Fabiana.
“Também acho que mudou bastante a percepção que se tinha do brasileiro. Antes, eu tinha um pouco de receio quando notavam meu sotaque. Várias vezes olhavam meio torto. Agora, sinto que isso mudou. Os portugueses perceberam que os brasileiros também podem vir para investir e acrescentar”, diz.
LILIANI WIETCOVSKY
empresária brasileira
coxinha por aqui