Folha de S.Paulo

Social-democratas aprovam negociação formal com Merkel

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Meta é ter um governo de coalizão formado até março, seis meses após eleições de setembro; chanceler alemã prevê ‘intensas conversas’

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O Partido Social-Democrata (SPD) alemão aprovou neste domingo (21), por uma estreita maioria, o início das negociaçõe­s formais com a União Cristão-Democrata (CDU), da chanceler Angela Merkel para formar um governo comum.

Por 362 votos a favor, 279 contra e uma abstenção, de um total de 642 votos, os delegados do partido reunidos em Bonn aprovaram a abertura destas conversas que devem acabar com meses de impasse político, que vinham privando a Alemanha de um governo desde as eleições de setembro.

“Estamos obviamente aliviados”, afirmou Martin Schulz, líder do partido.

“As conversas de coalizão vão ser tão duras quanto as conversas exploratór­ias”, disse Schulz. “Vamos falar com os conservado­res sobre uma cronologia. Queremos começar logo.”

O SPD, que não teve um bom resultados nas eleições (20,50% dos votos) e cai nas pesquisas desde então, já havia se mostrado profundame­nte dividido diante da perspectiv­a de prorrogar a grande coalizão em fim de mandato com Merkel.

Schulz e a maioria dos outros dirigentes haviam defendido que se tratava de evitar na Alemanha uma crise governamen­tal prolongada e uma danosa paralisaçã­o na União Europeia (UE), justamente no período em que vão negociar reformas-chave em matéria econômica, orçamentár­ia e migratória.

No entanto, boa parte da militância social-democrata, especialme­nte a ala jovem do partido, considerav­a que a formação precisa da oposição e de uma guinada à esquerda para sobreviver.

Merkel aclamou a decisão. “Ainda há muitas questões para esclarecer em detalhes e que irão exigir conversas intensas”, afirmou.

Sua tentativa anterior de coalizão, com os Verdes e os liberais do FDP, fracassou após um mês de conversas. Caso as negociaçõe­s com o SPD também fracassass­em, ela se veria confrontad­a com as opções de um governo de minoria ou de convocação de novas eleições.

A ideia é que um governo seja formado até a primeira metade de março.

A decisão também foi bemrecebid­a na Europa. No sábado, Merkel e o presidente francês, Emmanuel Macron afirmaram sua intenção de aprofundar a cooperação bilateral e prosseguir com os planos de uma maior integração europeia.

“Muito boa notícia para uma Europa mais unida, mais forte e mais democrátic­a”, afirmou no Twitter Martin Selmayr, chefe de gabinete do chefe da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

“Celebro o sentido de responsabi­lidade do SPD”, tuitou o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici.

 ?? Sascha Schürmann/AFP ?? Delegados do Partido Social-Democrata votam para aprovar negociação de coalizão em conferênci­a em Bonn (Alemanha)
Sascha Schürmann/AFP Delegados do Partido Social-Democrata votam para aprovar negociação de coalizão em conferênci­a em Bonn (Alemanha)

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