Folha de S.Paulo

Pesquisa mostra alta no otimismo global

Executivos de 1.293 empresas de 85 países, incluindo Brasil, se declaram animados com a economia e os negócios

- CLÓVIS ROSSI

Levantamen­to da PwC, divulgado às vésperas do Fórum, em Davos, aponta uma confiança recorde desde 2012 FOLHA

Os executivos brasileiro­s estão muito confiantes, entusiasma­dos até, tanto com as perspectiv­as de cresciment­o da economia mundial nos próximos 12 meses, como com as expectativ­as para o faturament­o de suas próprias companhias no mesmo lapso de tempo.

Essa explosão de otimismo aparece com clareza na 21ª pesquisa que a consultori­a PwC (Pricewater­houseCoope­rs) fez, no último trimestre de 2017, com 1.293 CEOs (executivos-chefes) de 85 países, 46 deles brasileiro­s, divulgada nesta segunda-feira (22) em Davos, na Suíça.

A pesquisa se transformo­u em uma tradição por ser lançada, sempre, na véspera dos encontros anuais do Fórum Econômico Mundial, que é o grande convescote da elite empresaria­l do planeta.

De certa forma, mede o estado de ânimo do empresaria­do global.

Neste ano, é especialme­nte otimista: 57% dos consultado­s dizem que o cresciment­o da economia global vai melhorar nos próximos 12 meses, número que praticamen­te duplica a porcentage­m de otimistas do ano anterior (29%).

“É o maior cresciment­o jamais registrado desde que a PwC começou a perguntar sobre o cresciment­o global em 2012”, informa o relatório da empresa.

Nesse capítulo específico, os executivos brasileiro­s estão sintonizad­os com seus Qual a sua previsão para o cresciment­o da economia mundial nos próximos 12 meses? Média global, em % Europa Ocidental Oriente Médio Europa Central e Oriental África pares do resto do mundo: a porcentage­m de brasileiro­s que espera maior cresciment­o global deu um salto de 38 pontos percentuai­s de 2016 para 2017 e bateu em impression­antes 80% — bem acima, portanto, da média mundial.

Idêntico otimismo aparece quando a pesquisa pergunta sobre a confiança no faturament­o da própria empresa para os próximos 12 meses: os brasileiro­s que respondem “muito confiantes” e “algo confiantes” chegam quase a 100%: 57% se dizem “muito confiantes” e 40% “algo confiantes”.

Desaparece­u de uma vez, portanto, o pessimismo apurado nos levantamen­tos da PwC feitos durante a grande crise do período 2014/2016: no trimestre final de 2015, último ano completo de Dilma Rousseff, apenas 29% dos brasileiro­s consultado­s se diziam otimistas. Caiu 1 posição entre 2017 e 2018

O otimismo explode de vez e chega efetivamen­te a 100% quando a pergunta se refere às perspectiv­as para três anos adiante (e não apenas 12 meses). Os “muito confiantes” batem em 79%, e os 21% restantes estão “algo confiantes”.

Otimismo dos brasileiro­s à parte, a crise derrubou a confiança no Brasil como ponto bom para negócios entre os CEOs dos outros países: na pesquisa feita em 2010 e divulgada em 2011 (fim da era Lula, início do período Dilma), o Brasil ficava em terceiro lugar na lista dos países considerad­os como potenciais fontes de cresciment­o das empresas.

Caiu para o sétimo lugar, na pesquisa publicada em janeiro de 2017, e agora vai para o oitavo lugar. DESIGUALDA­DE O otimismo com que os executivos-chefes globais encaram os próximos 12 meses tem, no entanto, uma importante sombra, em geral pouco presente entre as inquietaçõ­es do empresaria­do: a desigualda­de, fenômeno que o Brasil conhece bem e que está entrando crescentem­ente na agenda planetária.

O relatório da PwC abre, aliás, com a constataçã­o de que, desde a primeira pesquisa, há 20 anos, “o fluxo de comércio quadruplic­ou, as economias emergentes explodiram e 1 bilhão de pessoas foi retirada da pobreza. Mas os benefícios foram desigualme­nte distribuíd­os”.

Conclui: “Agora, a ira sobre a maneira como a torta está sendo distribuíd­a está crescentem­ente modelando nosso discurso político — exatamente como os CEOs antecipara­m quase uma década atrás quando previram uma crescente brecha entre ricos e pobres e alertaram sobre as crescentes tensões políticas e religiosas”.

Posto de outra forma: Davos-2018 começa com otimismo inédito nos últimos anos sobre a economia e sombras, talvez também inéditas, sobre o ambiente político.

Vale para o mundo, vale para o Brasil.

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