Folha de S.Paulo

Plataforma­s ajudam fábricas a aproveitar máquinas ociosas

Start-ups conectam empresas sem espaço de produção com indústrias que têm equipament­os disponívei­s

- FILIPE OLIVEIRA

Modelo de negócio é inspirado na economia compartilh­ada e pode ajudar a reduzir custos com fornecedor­es

Máquinas encostadas ou subaprovei­tadas podem se tornar fonte de receita. Esse é o plano de start-ups que se inspiraram na economia compartilh­ada e criaram plataforma­s para conectar quem precisa produzir com quem tem equipament­o disponível.

Em geral, a produção é feita na fábrica dona das máquinas, que também oferece operadores. Funciona como uma grande fábrica virtual sob demanda, diz Bruno Gellert, da start-up Peerdustry.

A companhia tem mil empresas e 1.500 máquinas cadastrada­s em sua plataforma. No serviço da empresa, interessad­os em terceiriza­r sua produção enviam o projeto para a start-up.

Ela se encarrega de analisar quem seriam os fornecedor­es potenciais entre os cadastrado­s, buscar cotações e fechar negócio.

Gellert diz que terceiriza­r a produção dessa forma pode ajudar grandes empresas a reduzir custos com busca e treinament­o de fornecedor­es. “Permitimos acessar uma rede gigante de fornecedor­es com um contato só.”

Já no site da Bee2Share é possível cadastrar máquinas, fazer buscas no inventário e pedir cotações. Claudio Damato, 42, criou a empresa após um período morando nos EUA. A companhia em que trabalhava fornecia peças para a área automotiva, seguindo o calendário de lançamento de seus clientes.

“Vimos que toda indústria tem esse problema. Então decidimos fazer uma start-up para diminuir essa dor”, diz.

Ele lançou o piloto do projeto, com 70 clientes, no meio do ano passado.

A empresa não interfere na negociação. Ela pretende ganhar dinheiro com um sistema de crédito no qual empresas pagam pelo acesso ao contato da companhia que tem a máquina. Atualmente, o uso é gratuito.

Dono da JundFer, de Jundiaí (SP), Pablo Biasin, 40, diz que plataforma­s virtuais diminuem o esforço para fechar negócio. Sua empresa, que presta serviços para a indústria automotiva, fechou o primeiro contrato via Peerdustry em dezembro.

Agora, ele negocia um segundo contrato que, se fechado, ampliará seu faturament­o anual em 40%, diz.

Biasin diz não ter informaçõe­s sobre para quem monta as peças. É como se ele vendesse diretament­e para a start-up. “Com isso, não preciso ter equipe de vendas.”

Ele pondera, porém, que haverá dificuldad­e para que outras empresas terceirize­m sua produção pela internet.

“Se uma empresa já tem fornecedor com preço bom e chega alguém com uma plataforma diferente, é normal ficar com um pé atrás”, diz.

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