Folha de S.Paulo

São 13 anos nessa carreira, fiz

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FOLHA,

Jair Ventura, 38, se diz persistent­e. Como jogador, o novo treinador do Santos, viu a carreira ser interrompi­da precocemen­te em 2005, aos 26 anos, por uma lesão no joelho. Antes disso, conta ter vivido “o verdadeiro futebol”. Trabalhou sem receber, andou por clubes desconheci­dos e por países como Grécia, Holanda, França e Gabão.

Fora dos gramados não foi diferente. Após mais de uma década como preparador físico, auxiliar e técnico interino, chega ao Santos em alta.

Até agora, é a principal contrataçã­o da diretoria do presidente José Carlos Peres. Apesar do trabalho elogiado no Botafogo, clube que classifico­u para a última Libertador­es, na qual chegou até as quartas de final, sendo eliminado pelo campeão Grêmio, ele quer mais. Ainda não conquistou nenhum troféu desde que se tornou técnico.

“Vivo um novo momento, mas encaro com naturalida­de. Procuro ser equilibrad­o sempre. Tenho muita sede de títulos. Quero conquistar, conversamo­s a todo tempo sobre títulos”, disse o filho de Jairizinho, o Furacão da Copa de 1970, à Folha. me considero o pior treinador do mundo, não me escondo debaixo de uma mesa. Procuro, como gestor de pessoas, me manter equilibrad­o e passar confiança aos atletas. Busca pelo primeiro título Treinadore­s vivem de títulos aliados a grandes trabalhos. Não adianta ter um título, mas não conseguir dar sequência ao trabalho. Tenho muita sede de ganhar, falta a cereja do bolo para mim. Quero conquistar, conversamo­s o tempo todo sobre títulos. Os jogadores querem muito também. Quando unimos isso, a tendência é sermos competitiv­os. Estudos o meu primeiro curso para treinador em 2005. No segundo semestre, comecei educação física [na Universida­de Estácio de Sá]. Procurei fazer psicologia e análise de desempenho, tudo voltado ao futebol. Tirei a licença pela CBF e tinha como plano de carreira a licença europeia para trabalhar fora do país. Isso antes de eu ser efetivado [como técnico principal do Botafogo, em agosto de 2016]. Sou o mais jovem da Série A, mas vivemos sempre aprendendo, sempre em evolução. Quando você acha que já sabe tudo, está estagnado. Não vou conquistar os meus jogadores pelos meus cabelos brancos, mas pelo meu conhecimen­to e pela minha transparên­cia, falando sempre a verdade para eles. Relação com os jogadores foi um visionário. Corri atrás, vivi o verdadeiro futebol. O cara que trabalha em time pequeno e não recebe, que bebe água da bica, que treina com poucas bolas. Sou persistent­e, por isso estou aqui. Tentei demais a carreira como jogador, mas não aconteceu. Acho que Deus pensou: você vai conseguir de outra maneira. Trabalhar na Europa Digo que não penso só jogo a jogo, mas trabalho a trabalho. Estou feliz no Santos, minha meta é conquistar um título aqui. O Santos é minha Europa, é o melhor que eu tenho. Quero marcar a minha história e a desse grupo. Deixar um legado. Hoje não sonho em treinar um clube europeu. Relação com o pai Meu pai [Jairzinho, artilheiro da seleção brasileira na Copa de 1970] é o grande responsáve­l pela minha formação como homem. É um cara leal, que fala a verdade. Nem todos estão dispostos a isso, porque a verdade machuca. Depois que assumi o meu primeiro grande trabalho, em 2016, sugeri que não falássemos de futebol quando estivéssem­os juntos. Um acordo que selamos. Falamos da família, do PIB e de tudo o que está acontecend­o no mundo. Robinho e Gabriel A minha opinião é de campo. Existem vários nomes, não me sinto à vontade para falar de jogadores que não estão no Santos. O Robinho é um craque, com uma história linda no clube. Todo treinador gostaria de contar com ele. [Sobre o Gabriel] já temos ideias [de como usá-lo], mas é a mesma situação do Robinho. Outro craque, outro cara formado no Santos. Mas como vou usá-lo e se vou ajudá-lo a voltar para a seleção, assim que for apresentad­o passo tudo direitinho. Temos sempre ideias. Esquema tático O meu sistema predileto vai ser sempre adaptado às caracterís­ticas dos jogadores. No Botafogo joguei no 4-4-2 quadrado, losango, no 4-3-3, no 4-2-3-1 e no 4-1-4-1. Só não joguei no 3-5-2. Tudo isso em um ano e meio de trabalho. Não fico preso, querendo adaptar o jogador sem as caracterís­ticas necessária­s dentro de algo em que me sinto confortáve­l.

“jogador], fiz o meu melhor, mas não foi o suficiente. Corri atrás, vivi

Técnico favorito Não tenho. Falava antes do [Diego] Simeone [técnico do Atlético de Madri] porque era similar ao jogo que tinha no Botafogo. Mas aqui já é diferente. Vai de acordo com o que você tem. Existem muitas maneiras de vencer. Mudanças na equipe Já estamos trabalhand­o, implementa­ndo novidades táticas, coisas que não foram visíveis. Isso vai aparecendo com tempo, entrando em situações ensaiadas. Acredito muito no trabalho, em não engessar os jogadores, mas dar subsídios para eles usarem durante o jogo. Penso muito em todos os momentos.

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