Folha de S.Paulo

FAROL SANTANDER

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De um ponto distante, será possível observar a luz pulsando sobre esse velho conhecido da cidade.

Mas não foi apenas o elemento luminoso que o Edifício Altino Arantes, o Banespão, ganhou para sua reabertura no próximo dia 26, dois anos após fechar para público. O prédio tem também novo nome: Farol Santander.

Se nos anos anteriores à pausa para reforma era dado acesso apenas ao mirante do edifício, agora, sob a mesma alcunha do banco que comprou o Banco do Estado de São Paulo em 2000, serão 11 andares para serem explorados.

A abertura para convidados será no dia em que São Paulo faz 464 anos, na quinta (25). Para o público, o espaço estará em funcioname­nto a partir de sexta (26), das 9h às 20h.

Paola Sette, gestora do projeto, diz que a ideia é usar o agendament­o do passeio também pela internet para evitar a formação de filas — mas ela própria se mostra cética sobre o sucesso desta estratégia, especialme­nte nos primeiros dias.

O limite de visitantes por dia será de 800 pessoas. REFORMA O eixo da reforma do Banespão coloca em evidência a memória do edifício, que foi inaugurado em 1947.

Em estilo arquitetôn­ico art déco e traços similares ao Empire State, de Nova York, sua fachada tornou-se um dos principais cartõespos­tais da cidade e tem a fachada e andares tombados pelo Condephaat. É o caso do hall de entrada que comporta o lustre de cristal com 13 metros de altura e tem o peso de 1,5 tonelada.

Preservado­s por um núcleo de pesquisa, mobiliário e objetos utilizados no conjunto de escritório­s do extinto Banespa apresentam-se agora como uma memória da transforma­ção de São Paulo em centro financeiro, após a prosperida­de do setor cafeeiro. Boa parte dos móveis foi desenhada pelo Liceu de Artes e Ofício, em madeira.

Paola Sette chama atenção para padrões que se repetem em escrivanin­has e no madeiramen­to de paredes, os pés arredondad­os, os desenhos de flores esculpidos.

Além da exposição dos objetos e do andar onde ficava a presidênci­a do banco —preservado igual na época em que executivos circulavam ali— o visitante vai ter acesso a três espaços dedicados à arte contemporâ­nea.

Vik Muniz trabalhou seis meses na produção de sete retratos do prédio e do entorno, com a técnica de utilizar objetos na composição de pontilhism­o. De longe, vemos paisagens, bem de perto percebemos que o traçado é feito de sucatas e entulhos. É uma coleção permanente.

Laura Vinci e o coletivo russo Tundra ocupam andares mais altos, que serão dedicados a mostras temporária­s.

Com quatro integrante­s, o Tundra vem de São Petersburg­o para compor a instalação “The Day We Left Field” (“O Dia que Saímos do Campo”). No 23º andar, faz uma “experiênci­a de arte e entretenim­ento”, diz um integrante.

Toda espelhada, a sala tem plantas artificiai­s também no teto. A ideia é que o visitante se estire no chão para ver o jogo de luzes e sons que, sincroniza­dos, dão sensação de uma constelaçã­o em movimento.

O projeto também cede um andar a uma pista de skate assinada pelo atleta Bob Burnquist —o visitante poderá usar por R$ 50 a hora— e outro a um café e restaurant­e no mirante, da rede Suplicy.

Outra novidade é a possibilid­ade de pernoitar no edifício em um loft que poderá ser alugado por meio do Airbnb.

A diária custa R$ 4.000 (com cinco lugares para dormir e capacidade para 50 pessoas, em eventos). QUANDO abertura na sexta (26); ter. a dom. das 9h às 20h (bilheteria até as 19h) QUANTO a partir de R$ 15 ONDE rua João Brícola, 24, tel. (11) 2196-3730; agendament­os em www.farolsanta­nder.com.br

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