Folha de S.Paulo

Nunca antes

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BRASÍLIA - Sete anos e 23 dias depois de deixar a Presidênci­a da República com aprovação popular recorde de 83%, Luiz Inácio Lula da Silva chega ao seu dia D.

A história do petista é marcada por grandes acontecime­ntos, extraordin­ários, para o bem e para o mal.

Ex-metalúrgic­o, ajudou a fundar o PT nos anos 1980, atropelou o brizolismo no campo da esquerda e foi, desde sempre, o maior líder do partido —mesmo após três derrotas seguidas em disputas presidenci­ais.

Nunca ninguém ameaçou de forma séria essa liderança.

Chegando ao Palácio do Planalto em 2003, foi reeleito para um segundo mandato e emplacou o sucessor, feito que só Itamar Franco havia conseguido após o fim da ditadura.

Em editorial de dezembro de 2010 intitulado “Saldo favorável”, a Folha relatava os avanços econômicos nos anos Lula, em parte impulsiona­dos pelo cenário externo favorável, e a relevante melhora nas condições de vida dos mais pobres, seu maior êxito.

Do lado negativo, dados não menos épicos: uma carga tributária recorde e o abrigo a um dos maiores escândalos da república, o mensalão.

Após isso, foi tutor de luxo de Dilma Rousseff e a acompanhou até a derrocada final, o impeachmen­t capitanead­o por Eduardo Cunha, Michel Temer, a então oposição, parte da base governista e os movimentos de rua de verniz conservado­r.

Agora, prepara-se para enfrentar a análise do recurso contra a condenação imposta pela Lava Jato. A acusação de que ganhou um tríplex reformado a preço de banana está em xeque devido a lacunas na apuração e na sentença de Sergio Moro, além do curioso trâmite acelerado da ação.

Durante a sessão desta quarta (24), ruas próximas ao TRF-4 serão bloqueadas, haverá monitorame­nto aéreo, ações do tribunal serão suspensas. Cerca de 300 jornalista­s brasileiro­s e de outros países acompanhar­ão in loco o julgamento. Mais um recorde em uma trajetória que coleciona lances extraordin­ários.

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