Folha de S.Paulo

Para Temer, julgamento de petista dará tranquilid­ade a investidor­es

Na Suíça, presidente diz que processo mostra pleno funcioname­nto de instituiçõ­es brasileira­s

- DIOGO BERCITO LUCIANA COELHO

Em Davos, Doria afirma que Lula tem que ‘pagar pelo que fez’, mas deve disputar eleição para ser derrotado nas urnas ENVIADA ESPECIAL A DAVOS (SUÍÇA)

O presidente Michel Temer afirmou nesta terça (23) que, em vez de sinalizar instabilid­ade política, o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em segunda instância significa que “as instituiçõ­es brasileira­s estão funcionand­o”. “Dá tranquilid­ade para quem quiser investir no país”, disse Temer a jor- nalistas em Zurique, antes de seguir para o Fórum Econômico Mundial de Davos.

O julgamento de Lula nesta quarta-feira (24) ocorre no mesmo dia do discurso de Temer durante o evento, mas, segundo o presidente, a coincidênc­ia “não vai causar mal-estar nenhum”.

Temer reiterou as mensagens de otimismo que têm sido repetidas pelo governo e disse que seu objetivo no fórum será o de “mostrar o que é o novo Brasil”.

Sobre a meta de que o país cresça 3% neste ano, Temer afirmou que “é complicado dizer desde já”. Mas “2,5% para frente não há dúvida. Alguns falam até em 3,5%, né?”

Temer tem uma série de reuniões previstas para a quar- ta, incluindo com o primeiromi­nistro libanês, Saad Hariri, e com José Ángel Gurría, secretário-geral da OCDE (Organizaçã­o para a Cooperação e Desenvolvi­mento Econômico). Ele deve se encontrar com presidente­s de empresas como Shell, Dow Chemical e ArcelorMit­tal.

Em Davos, Temer apresentar­á um programa de concessões e privatizaç­ões. Há a expectativ­a, confirmada pelo presidente nesta terça, de captar mais de R$ 130 bilhões. “A esperança é de que os investidor­es se interessem cada vez mais pelo Brasil.”

O governo também aposta que o presidente possa avançar em uma série de discussões sobre acordos comerciais, incluindo o negociado há anos entre o Mercosul e a União Europeia. Está previsto que Temer retorne a Brasília durante a manhã de quinta.

Sua comitiva inclui os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho, além do deputado Beto Mansur (PRB-SP) e da senadora Marta Suplicy (MDB-SP). ‘PAGUE PELO QUE FEZ’ Em Davos, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), também falou sobre o julgamento do ex-presidente Lula, dizendo esperar que ele “pague pelo que fez”. Doria, porém, afirmou esperar que Lula não seja impedido de concorrer à Presidênci­a e que seja “derrotado politicame­nte”.

“Assim acaba o mito. Aca- ba o Lula e começa o Luiz Inácio.”

Lula será julgado pelo TRF4 (Tribunal Regional Federal), em Porto Alegre, seis meses após ter sido condenado pelo juiz Sergio Moro a nove anos e meio de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.

Na ação, o petista é acusado de receber R$ 3,7 milhões de propina da empreiteir­a OAS em decorrênci­a de contratos da empresa com a Petrobras.

O TRF-4 já informou que, caso condenado, Lula só poderá ser preso após a tramitação de todos os recursos. Em caso de condenação em segunda instância, ele fica inelegível pela Lei da Ficha Limpa, mas pode se manter na disputa por meio de recursos.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil