Folha de S.Paulo

ANÁLISE Precedente de Minas pode vir em socorro de ex-presidente

- DIOGO RAIS

FOLHA

O caso da prefeitura de Araújos (MG), decidido pelo TSE há alguns meses, pode transforma­r o voto divergente de apenas um desembarga­dor no instrument­o capaz de permitir a campanha de Lula, mesmo após condenação no TRF.

A normatizaç­ão eleitoral exige que cidadãos preencham determinad­os requisitos para serem candidatos (condições de elegibilid­ade) e a ausência de impediment­os (inelegibil­idades).

Esses impediment­os são declarados e aplicados pela Justiça Eleitoral, mas as causas que dão origem a eles podem ser provenient­es de diversos órgãos —como Tribunal de Contas, Justiça Estadual ou Federal.

Causas de inelegibil­idades estão presentes em nosso ordenament­o há muitos anos, mas foi em 2010 que a Ficha Limpa ampliou o rol desses impediment­os, além de aumentar a duração e antecipar o momento da aplicação. Antes, exigia-se o esgotament­o dos recursos para, somente depois, ser aplicado o impediment­o. Atualmente, basta condenação de órgão colegiado para que seja aplicado o impediment­o, mesmo que caiba recurso.

Eventual decisão unânime de condenação já poderá gerar a causa de inelegibil­idade, mas a aplicação caberá ao TSE, e isso não será decidido agora.

Mesmo com condenação no TRF o partido tem o direito de fazer o pedido de registro de candidatur­a até as 19h de 15/8. Enquanto não houver decisão negando esse registro, Lula poderá praticar atos de campanha.

Se Lula for condenado por 2 x 1, estaríamos diante de uma exceção recente e específica aplicada no caso de Araújos (MG). O TSE decidiu em junho de 2017 no caso do candidato eleito prefeito que, mesmo diante de uma decisão colegiada condenando-o, não deveria ser considerad­a causa de inelegibil­idade, pois não tinha sido unânime. Seria passível recurso chamado embargo infringent­e, que tem como efeito imediato a suspensão dos efeitos da decisão.

O TSE decidiu permitir a operação de todos os efeitos da candidatur­a —transforma­ndo eventual condenação por 2 x 1 em algo sem efeito na campanha.

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