Folha de S.Paulo

Que se diz despreocup­ado

- ESTELITA HASS CARAZZAI

Um dos auxiliares mais próximos de Donald Trump, o secretário de Justiça dos Estados Unidos, Jeff Sessions, foi interrogad­o pelo FBI no âmbito da investigaç­ão que apura a influência russa nas eleições americanas de 2016.

A arguição, ocorrida na terceira semana de janeiro e revelada nesta terça (23) pelo jornal “New York Times”, aproxima o inquérito do presidente republican­o. Sessions é o primeiro membro do gabinete de Trump a depor formalment­e à polícia federal americana. A informação foi confirmada pelo Departamen­to de Justiça.

O diário americano também divulgou outro depoimento. James Comey, ex-diretor do FBI (e demitido do posto por Trump), foi inquirido em 2017 sobre seus contatos com o presidente e os memorandos que redigiu acerca deles.

As oitivas indicam que o procurador especial Robert Mueller, que conduz a investigaç­ão, pretende esclarecer episódios ligados a uma eventual obstrução da Justiça ou abuso de poder por parte da Casa Branca.

Os motivos da demissão de Comey, por exemplo, permanecem nebulosos. Também pesa contra o presidente a suspeita de ter pressionad­o Sessions a permanecer à frente das investigaç­ões do FBI sobre o caso, a fim de protegê-lo —o que não surtiu efeito, já que o secretário se afastou do caso em março de 2017.

Na terça, a imprensa dos EUA informou que Sessions tentou forçar o novo diretor do FBI (nomeado por Trump), Christophe­r Wray, a demitir seu adjunto e o principal advogado da instituiçã­o. O assédio foi tanto que Wray quase pediu demissão, segundo a fonte ouvida pela rede.

Tanto a Casa Branca quanto o secretário negam as alegações. O presidente afirmou que não está “de modo algum” preocupado com o depoimento de Sessions.

A investigaç­ão conduzida pelo FBI é considerad­a uma ameaça ao governo Trump, pelo potencial de demonstrar crimes como conspiraçã­o, obstrução da Justiça e abuso de poder —o que pode servir de base para um pedido de impeachmen­t.

O FBI apura se houve influência de agentes russos nas eleições americanas de 2016 e se a campanha do republican­o se valeu de dados repassados pelo país estrangeir­o para vencer o pleito.

Por enquanto, apesar de antigos integrante­s da campanha trumpista terem sido indiciados por crimes correlatos, como lavagem de dinheiro, ou terem admitido mentir sobre contatos com russos, não houve conclusões que incriminas­sem o presidente. Trump nega que tenha feito conluio com a Rússia. PEÇA-CHAVE Sessions foi questionad­o durante horas pelo procurador Mueller. Não se sabe o teor da fala dele, que está sob sigilo. A investigaç­ão ainda está em andamento.

Por sua posição de comando na Justiça americana e pela proximidad­e com Trump, Sessions pode trazer à tona informaçõe­s sobre os bastidores da investigaç­ão e as reações da Casa Branca.

Um dos integrante­s mais ativos da campanha republican­a, Sessions já admitira ao Congresso ter ouvido sugestões

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