Marun descarta aprovar reforma após as eleições
O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, contradisse nesta terça (23) a equipe econômica e afirmou que a reforma da Previdência será votada em fevereiro “de qualquer jeito”.
Com o risco de não haver apoio suficiente no mês que vem, assessores e auxiliares presidenciais começaram a cogitar a possibilidade de a iniciativa ser retomada em novembro, hipótese revelada pela Folha na segunda(22).
Segundo Marun, é “impossível” colocar em votação a proposta em novembro, após a disputa eleitoral, e a opinião do ministro Henrique Meirelles (Fazenda), que cogita a possibilidade, “não condiz com o pensamento” do Planalto.
“O ministro Henrique Meirelles não participou das últimas conversas que tivemos aqui. Ele viajou a Davos e não participou das ultimas reuniões”, disse.
Para Marun, não existe plano B sobre a proposta, apenas plano A. De acordo com ele, o o Planalto conta com cerca de 268 votos, número inferior aos 308 necessários para aprová-la.
“É mais fácil o Sargento García prender o Zorro do que a proposta ser votada em novembro”, disse o ministro, em referência ao militar sem habilidade com a espada da famosa série televisiva dos anos 1950.
O discurso da equipe econômica é que, na hipótese de o novo presidente não ser contra a reforma, haverá uma última janela para a votação, uma vez que parte da base aliada não conseguirá se reeleger.
A preocupação com os efeitos na disputa eleitoral de aprovar uma medida impopular, assim, não fariam mais sentido.
A Previdência Social registrou deficit recorde de R$ 268,8 bilhões em 2017, considerando os resultados do INSS e do regime dos servidores públicos da União, alta de 18,5%.
O crescimento do pagamento de benefícios em ritmo mais forte que o aumento da arrecadação tem resultado no aumento do deficit ano a ano.
De um lado, o aumento da inflação, que determina o reajuste de benefícios, leva ao crescimento do gasto. De outro, o mercado de trabalho desaquecido resulta em um número menor de contribuições.