Folha de S.Paulo

A melhor estratégia para chegar aos objetivos”, afirmou.

- O ala-armador Leandrinho, que voltou a jogar no basquete brasileiro neste ano, se prepara para fazer arremesso durante partida do Franca pelo NBB

Leandrinho já não é mais um garoto. Pelo menos não como aquele que, aos 19 anos, conquistou seu primeiro título nacional pelo Bauru, em 2002. Aos 35 anos e após 14 temporadas na NBA, o ala-armador volta ao basquete brasileiro buscando dar o título inédito do NBB ao Franca e esperando o retorno à seleção brasileira.

Esta é sua terceira passagem pela liga nacional. Em 2011, durante o locaute (greve dos patrões) da NBA, fez seis partidas pelo Flamengo e teve média de 19 pontos por jogo. Na temporada 2013/2014, após se recuperar de grave lesão no joelho enquanto ainda jogava pelo Boston Celtics, defendeu o Pinheiros em oito jogos e fez 20,8 pontos por partida.

Neste ano, Leandrinho ainda tenta pegar ritmo de jogo, mas já deu mostras de seu potencial. Em quatro partidas, acumula média de 11,4 pontos —é o terceiro melhor pontuador da equipe. Apesar da idade, ele garante que continua com a mesma velocidade e pontaria de sempre.

“Gosto de treinar, me condiciona­r e penso que isso ajuda muito a manter a boa forma aos 35 anos. Ainda tenho lenha para queimar”, disse o jogador paulistano à Folha.

Com suas atuações no país, Leandrinho também quer mostrar ao técnico croata Aleksandar Petrovic que pode ser útil para a seleção brasileira nas eliminatór­ias para a Copa do Mundo de 2019.

Lesionado e sem time, ele não foi convocado para os primeiros jogos da seleção no torneio classifica­tório, entre 24 e 27 de novembro. Sua expectativ­a é ser chamado para os duelos contra Colômbia, em 22 de fevereiro, e Chile, no dia 25. Ambos serão realizados na cidade de Goiânia.

“Servir o meu país sempre

LEANDRINHO

ala-armador do Franca foi e sempre será o meu maior prazer. Da minha parte, estou à disposição”, disse.

A última vez que o jogador atuou com a camisa da seleção foi na Rio-2016, quando o time brasileiro foi eliminado ainda na fase de grupos.

Leandrinho afirmou que conversou com Petrovic em outubro de 2017, logo após o treinador assumir o time, mas ainda espera por maior contato com o técnico croat a.

“Ainda não tivemos tempo de conversarm­os com calma. Mas é um cara com conceitos bem definidos, que vem de uma escola muito qualificad­a. O [Rubén] Magnano deu sua contribuiç­ão, agora é a vez do Petrovic.”

Em entrevista recente à Folha, o croata se queixou da maneira que os times brasileiro­s jogam, com muitos jogadores querendo arremessar da linha dos três pontos. Criticado muitas vezes por abusar das bolas de três em momentos decisivos, o ala-armador contempori­zou.

“Acho que toda forma inteligent­e para vencer as partidas deve ser utilizada. O basquete é um jogo muito dinâmico, mas temos que usar

“de conversarm­os com calma. Mas [Aleksandar Petrovic, técnico da seleção brasileira masculina de basquete] é um cara com conceitos bem definidos, que vem de uma escola muito qualificad­a

VOLTA PARA CASA Após curtas passagens pelo país, Franca tem expectativ­a de contar com Leandrinho por um longo tempo.

O jogador também parece disposto a ficar, ainda que não descarte um retorno para a NBA antes do fim da carreira. Seu último time nos EUA foi o Phoenix Suns, na temporada 2016/2017.

“Sei que as portas lá estão abertas, mas hoje, estou com a cabeça voltada para fazer um bom trabalho pelo Franca. Tudo pode acontecer no esporte, então prefiro focar no presente”, afirmou o jogador, que foi campeão da liga americana defendendo o Golden State Warriors na temporada 2014/2015.

Desde 1999, a tradiciona­l equipe do interior paulista não levanta uma taça em campeonato­s nacionais. No NBB, foi vice-campeã em 2011. Na atual edição do torneio, ocupa a quarta posição.

“O projeto que foi apresentad­o me deu confiança e motivação para este novo desafio na minha carreira. Estou mui- to empolgado. Sempre é preciso respeitar times com história e tradição. Isso não se conquista de um dia para o outro, é fruto de muito trabalho”, afirmou.

O clube é comandado por Helinho, 42, que dá seus primeiros passos como técnico. Os dois, inclusive, jogaram juntos na seleção brasileira.

“O Helinho é um cara sensaciona­l. Conhece bem os atletas, a cabeça e o estilo de cada um, e nem preciso dizer o quanto ele entende de basquete”, afirmou Leandrinho.

Em mais uma experiênci­a no basquete brasileiro, o jogador vê a liga nacional muito mais organizada, no caminho certo para se firmar como uma das mais importante­s do planeta. Em 2018, o NBB completa dez anos.

“Houve um período de altos e baixos, mas acredito que voltamos a uma curva de cresciment­o. Isso é muito importante para o basquete brasileiro. Sabemos que é preciso ainda muito trabalho para chegar a um nível semelhante a de outros países, mas acredito que estamos no caminho certo”, disse.

O atleta evitou falar sobre as polêmicas envolvendo a CBB (Confederaç­ão Brasileira de Basquete). No ano passado, a entidade foi suspensa pela Fiba (Federação Internacio­nal de Basquete) por causa de dívidas. Com isso, clubes do país e seleções ficaram impedidos de disputar torneios internacio­nais.

“Torço para os que estão no comando agora possam realizar um bom trabalho e trazer coisas boas para o nosso basquete”, afirmou o jogador do Franca. (FÁBIO ALEIXO)

acontecer no esporte, então prefiro focar no presente

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