Folha de S.Paulo

Juiz de NY manda empresário indenizar grafiteiro­s por obras apagadas em prédio

- SILAS MARTÍ

na cabeça dele.

Medeiros divulgou em redes sociais fotos nas quais aparece com a cabeça e as mãos ensanguent­adas e um vídeo do momento em que foi socorrido por uma equipe de bombeiros civis no shopping.

O agressor, segundo ele, era um homem branco, forte, de aproximada­mente 1,80 m e com “cara de lutador”.

“Eu tenho vontade de encontrar esse rapaz de novo só para perguntar a ele por que fez isso comigo”, disse Medeiros em entrevista à Folha.

Ele afirmou que, após ser agredido, saiu do banheiro correndo e recebeu ajuda na entrada do shopping.

Um casal prestou apoio e, na sequência, os bombeiros civis do Higienópol­is prestaram os primeiros socorros.

O ator foi encaminhad­o à Santa Casa, também na região central de São Paulo, onde foi medicado e liberado. Devido ao ferimento, ele teve que levar seis pontos.

Numa decisão histórica, um juiz de Nova York acaba de condenar o dono de uma construtor­a a indenizar um grupo de grafiteiro­s por ter apagado os seus murais num prédio que seria demolido.

O empresário Gerald Wolkoff, um dos nomes mais poderosos da indústria imobiliári­a na maior metrópole americana, terá de pagar US$ 6,7 milhões, mais de R$ 22 milhões, por ter destruído sem avisar 45 dos grafites que estampavam um galpão em Long Island City, no Queens.

Nos últimos anos, esse distrito nova-iorquino cheio de prédios industriai­s abandonado­s e sobrados de classe média vem sofrendo uma onda de especulaçã­o imobiliári­a e se tornou o foco de empreiteir­as que retalharam o bairro num imenso canteiro de obras, com novas torres de apartament­os e escritório­s erguidas em ritmo superveloz.

Wolkoff havia comprado o prédio conhecido como 5Pointz para construir um novo condomínio residencia­l no lugar, mas decidiu apagar os desenhos de suas fachadas antes de demolir o edifício.

Os grafiteiro­s com obras ali então entraram na Justiça cobrando indenizaçõ­es por trabalhos que não sabiam que sumiriam do mapa, levando à decisão favorável a eles.

Em sua sentença, o juiz Frederic Block chamou o empresário de “insolente” e ordenou o pagamento de US$ 150 mil por mural, lembrando que o 5Pointz era uma atração turística com “trabalhos de arte formidávei­s” e que os artistas tinham “direito de se despedir de suas obras nos meses antes da demolição”. “Seria um tributo.”

Jonathan Cohen, ex-diretor do complexo industrial, disse que o “5Pointz era um templo que não pode ser substituíd­o” e chamou a decisão judicial de “passo monumental para pensarmos a nossa arte e a nossa cultura”.

Na contramão de São Paulo, onde agentes da prefeitura já apagaram obras de artistas renomados como a dupla Osgêmeos, a decisão do tribunal nova-iorquino foi considerad­a histórica não só pelo valor pago aos artistas, mas por favorecer de modo inédito um grupo de artistas em detrimento dos interesses da indústria imobiliári­a, opondo dois dos maiores setores da economia da cidade.

“Essa decisão não é uma vitória só para os artistas da cidade, mas para os artistas de todo o país”, diz Eric Baum, advogado que represento­u os grafiteiro­s. “Deixou clara a mensagem que a arte é protegida pela lei e deve ser prestigiad­a e não destruída.”

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