Furando a bolha pelo turismo
Viramos um país xenófobo, repetitivo; o mundo inteiro já compreendeu o sentido do turismo, da conectividade aérea, da criação de empregos
A Folha abriu nesta quinta-feira (15), por meio do seminário “Turismo e a internacionalização do Brasil”, o debate sobre o que o turismo pode fazer pelo Brasil. Temos o maior potencial natural entre 140 países e o oitavo potencial cultural do planeta, segundo o Fórum Econômico Mundial, mas somos o 137º pior ambiente de negócios para desenvolver o turismo.
É importante ler os sinais. Enquanto o editorial “Sete anos perdidos”, publicado no dia 4 por esta Folha, comemorou a retomada do crescimento do PIB, que deverá passar de 3% em 2018 no Brasil, alertou também para a comparação do crescimento nesses últimos sete anos: nos emergentes, chegou a 40,5%; no mundo inteiro, foi a 27,9%; e, no Brasil, apenas 3,2%.
Mônica Bergamo registrou em sua coluna (5/3) que janeiro foi o mês em que o turista estrangeiro mais gastou no Brasil, à exceção de junho de 2014, durante a Copa do Mundo. Perto de U$ 800 milhões foram deixados aqui, segundo o Banco Central.
Na sequência, um comentário embasado na OMT (Organização Mundial do Turismo) agrega que o sistema de visto eletrônico do Ministério das Relações Exteriores para EUA, Canadá, Japão e Austrália pode aumentar em US$ 1,4 bilhão o fluxo de turistas destes países.
O editorial sustenta que o Brasil precisa crescer de 3% a 3,5% por duas décadas para dar um salto civilizatório e chegar à renda per capita de Portugal e Espanha. Vale lembrar que Portugal saiu da crise graças ao turismo e que seu crescimento de 4% no ano passado teria sido negativo em 1% se não fosse o turismo.
Estamos diante do fim da Nova República e do ideário constitucional de 1988 que nos legou um país travado, sem um capitalismo pujante que pudesse pagar a conta.
Sem poupança, temos o consumo mais caro do mundo. Nosso pacto envolve muito imposto e juros inexplicáveis. Nosso capitalismo de exceção vive numa bolha.
O ar contaminado da bolha alimenta as desigualdades. O crime organizado é seu filho caçula.
A abertura para o mundo não deve ser apenas econômica. Também estamos fechados culturalmente. Não somos mais um país de imigrantes, de muitas línguas de um século atrás. Viramos um país xenófobo, repetitivo, de gente que joga pedra em avião através das redes sociais. Como revoltados, vivendo o personagem de Jim Carrey no filme “O Show de Truman”.
Furar a bolha, internacionalizar o Brasil, inclui abrir a porta do turismo, das viagens, dos congressos, dos eventos. O turismo já representa 10,2 % do PIB mundial e mais de 10% dos empregos. O mundo inteiro compreendeu o sentido do turismo, da conectividade aérea, da geração dos empregos, do fomento às artes, das culturas, da melhoria das cidades, mas sobretudo das pessoas, ideias e inovações.
Assim como ao agronegócio foi dada uma chance de fazer mais pelo país, o turismo está pedindo passagem. Ninguém tem o que nós temos. O desafio é furar a bolha desse nosso mundo de Truman. VINICIUS LUMMERTZ Imposto sindical Os sindicatos assinalam uma presença forte e honrosa na conquista de direitos trabalhistas fundamentais e no combate à desigualdade social (“Plano de sindicalistas para manter imposto fracassa”, Mercado, 15/3). A reforma trabalhista, com o seu puxadinho sobre o fim da obrigatoriedade do imposto sindical, na verdade catalisa um conveniente desvio do empresariado e das alas mais conservadoras do Congresso para que esse legado seja subtraído.
LUIZ DE SOUZA ARRAES,
SERVIÇOS DE ATENDIMENTO AO ASSINANTE: OMBUDSMAN: Colunista Muito infeliz o texto de Contardo Calligaris (“Prostitutas”, Ilustrada, 15/3). Dizer que a prostituição é uma forma de empoderamento em face de mulheres terem desejos sexuais que não dependem de amor é o mesmo que afirmar que a escravidão é uma autolibertação de quem gosta de ser humilhado, desrespeitado e tratado como um ser não humano.
LUCIANO AMARAL
Assédio Sou admirador de Luiza Helena Trajano e fiquei muito feliz ao ver seu posicionamento a respeito do combate ao assédio moral e sexual, principalmente dentro do Magazine Luiza, cujo conselho de administração ela preside (“‘A cantada não é legal’, diz Luiza Trajano”, Mercado, 15/3). Só não entendi por que houve a necessidade de publicar uma foto com os pés e sapatos da empresária.
ROBERTO DE PAULA BARBOSA