Folha de S.Paulo

Só me resta lutar e teimar, diz petista a apoiadores na Bahia

- CATIA SEABRA

A Justiça de São Paulo negou pedido de Lula para ser indenizado por danos morais pela revista Veja. O petista reclama de uma capa da publicação que trouxe a foto da exprimeira-dama Marisa Letícia e a afirmação de que ele, em depoimento a Moro, responsabi­lizou a esposa no caso do tríplex de Guarujá.

Sob o título “A morte dupla”, a publicação escreveu na capa de 17 de maio de 2017: “Em seu depoimento ao juiz Moro, Lula atribui as decisões sobre o tríplex do Guarujá à ex-primeira-dama, falecida há três meses”.

“Não entendo que houve excesso nas expressões usadas pelos jornalista­s réus, consideran­do o contexto da matéria crítica jornalísti­ca”, escreveu a juíza Andrea Ferraz Musa.

“Assim, embora [a reportagem] contenha certa carga demeritóri­a, não transborda os limites constituci­onais do direito de informação e crítica.”

No interrogat­ório feito por Moro, Lula atribuiu à ex-primeira-dama, morta em fevereiro de 2017, as decisões sobre a compra do imóvel —cujo imbróglio levou à condenação dele à prisão, confirmada em janeiro pela segunda instância da Justiça Federal.

A editora Abril, que publica Veja, diz que outros veículos fizeram leitura semelhante. Procurados, os advogados do petista não se manifestar­am.

Um dia depois de petistas saírem frustrados de uma audiência com a presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Cármen Lúcia, o expresiden­te Luiz Inácio Lula da Silva intensific­ou, nesta quinta-feira (15), a pressão sobre a corte.

Ao discursar no encontro internacio­nal parlamenta­r programado pelo Fórum Social Mundial, o ex-presidente repetiu suas críticas aos agentes responsáve­is pela Lava Jato. Afirmou que o Judiciário, sobretudo o STF, tem um papel importante a cumprir neste momento.

“Por isso, se diz que o Supremo é o garantidor da Constituiç­ão. Se não for, estaremos todos perdidos neste país”, discursou.

Lula disse também que, ainda que talvez tenha sido o ex-presidente que mais nomeou ministros do STF, nunca telefonou para seus indicados para apelar em seu favor.

No encontro, Lula disse que está se insurgindo contra sua condenação. E encerrou seu discurso afirmando não lhe restar outra alternativ­a senão lutar e teimar.

Pela manhã, durante entrevista à rádio Metrópole, Lula disse que não irá para a prisão. “Não serei preso. Não cometi crime”, afirmou. Em livro que será lançado nesta (16), porém, Lula declara que está preparado para sua possível prisão. “Eu estou pronto para ser preso”, diz na entrevista que compõe a obra.

Em janeiro, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, responsáve­l pela Lava Jato em segunda instância, confirmou a condenação do ex-presidente por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex em Guarujá (SP). A pena foi fixada em 12 anos e 1 mês de prisão —maior do que a estabeleci­da na instância inferior pelo juiz Sergio Moro.

Ainda neste mês, o tribunal pode julgar os recursos apresentad­os pela defesa do petista. Entendimen­to atual do STF permite a execução da pena de prisão após encerrado o processo na segunda instância.

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Marlene Bergamo/FolhaPress O ex-presidente Lula participa de evento em Salvador

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