Premiê da Eslováquia renuncia após onda de manifestações
Morte de jornalista que investigava elo de empresários com máfia desatou protestos
O presidente da Eslováquia Andrej Kiska aceitou nesta quinta-feira (15) o pedido de renúncia feito pelo primeiroministro Robert Fico. A saída acontece em decorrência de uma onda de protestos que começaram após o assassinato de um jornalista.
Seu atual vice e colega de partido, Peter Pellegrini, recebeu a missão de formar um novo governo. Fico disse na quarta (14) que só deixaria o cargo se alguém de sua sigla fosse indicado para sucedê-lo.
A coalizão que governa o país é formada por três partidos, que juntos têm 78 das 150 cadeiras do Parlamento. O grupo é formado pelos sociais-democratas do Smer-SD (49 deputados), —sigla do premiê— pelo nacionalista SNS (15) e pelo Most–Híd (14), ligado a minoria húngara.
Pellegrini terá como principal desafio manter a coalizão, já que o Most-Híd ameaça deixar o governo, o que faria o grupo perder a maioria na Casa e poderia levar a eleições antecipadas.
A crise política começou após a morte, em 25 de fevereiro, do jornalista Jan Kuciak, 27. Os corpos dele e de sua noiva, Martina Kusnirova, foram encontrados com marcas de tiro na casa do casal em Velka Maca (45 quilômetros a leste da capital Bratislava).
A polícia diz que o homicídio está ligado a uma reportagem do jornalista sobre a ligação de empresários locais com a máfia italiana.
A morte de Kuciak, conhecido no país por suas matérias sobre corrupção, deu início aos protestos, que têm como principais reivindicações um pedido de investigação independente sobre o caso e a convocação de novas eleições
Na sexta (9), milhares de pessoas foram às ruas do país pedir, entre outras coisas, a saída de Fico e do então ministro do Interior, Robert Kalinak —ele acabou renunciando na segunda (12).
Foram as maiores manifestações desde que a Eslováquia ficou independente em 1993, perdendo só para os protestos que levaram ao fim do comunismo em 1989.