Folha de S.Paulo

Elite do Paulista vê número de goleadas desabar em 10 anos

Em 2018, fase de classifica­ção do torneio estadual registrou três vitórias expressiva­s, contra dez em 2017

- EDUARDO GERAQUE LUIZ COSENZO

Para especialis­tas, melhora dos times menos estruturad­os explica queda dos placares mais dilatados

As goleadas do Campeonato Paulista estão mais raras.

Levantamen­to feito pela Folha na primeira fase dos torneios desde 2008 mostra que o número de vitórias por três gols ou mais de diferença caiu vertiginos­amente nas duas últimas temporadas em relação aos anos anteriores.

Em 2018, o número de goleadas chegou a seu patamar mais baixo, com 3 em 120 partidas, o que representa apenas 2,5% dos resultados.

A tendência de diminuição dos placares dilatados vem desde o ano passado, quando 10 dos 120 jogos (8%) da primeira fase acabaram com vantagem de três gols ou mais para o vencedor.

Os índices de goleadas em anos anteriores, no entanto, nunca ficaram abaixo dos 11% (veja no infográfic­o).

A queda é resultado de placares mais equilibrad­os tanto em partidas nas quais houve a participaç­ão dos quatro grandes clubes do Estado quanto naquelas em que só haviam times menores.

“As equipes do interior estão mais bem posicionad­as taticament­e. O estudo do adversário tem um peso essencial para evitar goleadas no Paulista”, afirma Pintado, treinador do São Caetano.

O coordenado­r de futebol do São Paulo, Ricardo Rocha, vê uma dificuldad­e maior das grandes equipes para enfrentar rivais do interior.

“Os times estão mais estruturad­os e investindo mais em contrataçõ­es. É um cresciment­o geral”, diz o também ex-zagueiro, para quem o Campeonato Paulista ficará cada vez mais difícil.

Se nesta temporada não houve nenhuma goleada entre os clubes pequenos, no ano passado houve três.

Entre 2014 e 2016 foram registrada­s uma média de dez vitórias por campeonato entre os times pequenos por pelo menos três gols de diferença. Com o recorde de 18 goleadas no Paulista de 2009.

As três vitórias expressiva­s de 2018 ocorreram em partidas dos times grandes contra pequenos: o Santos ganhou do Linense por 3 a 0, o Corinthian­s fez 4 a 0 sobre São Caetano e o Palmeiras venceu por 3 a 0 o Ituano.

No ano passado, das dez goleadas, sete foram aplicadas por clubes grandes —incluindo a vitória por 3 a 0 do Palmeiras no clássico contra o São Paulo, no Allianz.

Três jogos envolviam times pequenos. O Audax anotou 3 a 0 no Ituano. O Red Bull, em Campinas, fez 5 a 1 no Novorizont­ino. E o Ituano, jogando em casa, também goleou o Linense por 5 a 1.

A tese de Pintado e Rocha é corroborad­a por alguns estudiosos do esporte. Segundo eles, ao contrário do que indica o senso comum, o nível do futebol das equipes chamadas pequenas subiu.

Para eles, os clubes do interior estão cada vez mais organizado­s e, por isso, ganhar deles com facilidade tem sido mais complicado.

Para o pesquisado­r Israel Teoldo, da Universida­de de Viçosa, até os torcedores das equipes do interior, normalment­e, entendem o tamanho de seu clube diante do adversário. Com isso, times atuam mais fechados, evitando serem goleados pelos rivais.

“Não existe mais muita pressão para o treinador quando ele, por exemplo, resolve jogar fechado, em casa, contra os chamados grandes”, analisa o especialis­ta.

O analista de desempenho do Botafogo-SP, Henrique Furtado, corrobora a tese sobre o equilíbrio no futebol.

“As equipes conseguem equilibrar mais os jogos porque possuem um departamen­to físico, de fisiologia e de análise de desempenho que ajudam no trabalho do treinador e dos jogadores”. MENOS TIMES A Federação Paulista de Futebol mudou o regulament­o do Campeonato Paulista a partir de 2017, o que pode ter influencia­do na menor quantidade de goleadas.

Como o número de times caiu de 20 para 16, o equilíbrio tende a ficar maior pois os quatro piores times acabaram ficando na segunda divisão. O número de partidas também caiu de 150 para 120.

Entre as edições de 2014 e 2016, quando o Paulista teve o mesmo formato, e um total de 150 jogos na fase de classifica­ção, o índice de goleadas variou de 13% a 17%.

Antes, de 2008 a 2013, a primeira fase da competição teve 190 partidas. Cada um dos 20 times jogou 19 vezes, em turno único.

As goleadas, no mesmo período, variaram de 12% a 17%. Ou de 22 a 32 por torneio.

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Ronny Santos - 7.fev.2018/Folhapress » NA JUSTIÇA Fluminense derrubou nesta quinta (15) liminar que permitia a Gustavo Scarpa atuar pelo Palmeiras; clube tricolor pode cobrar seu retorno ou multa contratual

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