Futuro é conectado, diz chefe da Qualcomm
Brasileiro Cristiano Amon participa de mesa sobre cidades inteligentes
O brasileiro Cristiano Amon, novo presidente da americana Qualcomm, desenhou para a América Latina um futuro em que “tudo será conectado e inteligente”, fornecendo dados para planejar melhor, por exemplo, as grandes cidades.
Ele participou da mesa “Equipando a Cidade Inteligente do Amanhã”, que contrapôs visões divergentes sobre o papel da tecnologia para projetar o futuro de áreas urbanas, sobretudo as mais pobres.
Amon, para exemplificar o que imagina sobre o tema, destacou um programa pelo qual é “particularmente apaixonado e que pode ser aplicado em áreas menos privilegiadas”, como favelas.
Descreveu que a troca de lâmpadas incandescentes por led, na iluminação de rua, pode ser o primeiro passo para diversas outras, como o acréscimo posterior no mesmo poste de “smart lights”, depois câmeras, que fornecem “segurança 24 horas”, depois acesso sem fio à internet, tanto privado como público.
“Começa por uma coisa simples, a troca de lâmpadas, para economizar, então você conecta outras e abre um círculo virtuoso” que inclui por fim a coleta de dados, a serem usados para enfrentar os problemas locais.
Também na mesa, o americano Jonathan Hursh, fundador da organização Utopia, voltada ao estudo de favelas, foi por outra linha. “Minha preocupação é que nós ainda vemos as cidades como máquinas”, afirmou.
“O século passado foi um século fantástico do pensamento linear, do engenheiro, e nós nos beneficiamos imensamente disso. Mas este século é sobre como conectar os pontos, como pensar lateralmente.” PLANO Para atrair investimentos em infraestrutura, o Brasil precisa de um plano de longo prazo e que não dependa do governo de ocasião, concluíram os participantes de debate sobre infraestrutura na América Latina.
“A China tem um plano de infraestrutura e a Índia também. Uma vez que o Brasil tiver um plano, o dinheiro virá”, disse o presidente da Siemens, Joe Kaeser.
Segundo ele, é preciso pressionar o governo para que os projetos saiam do papel. “O governo acaba em outubro, espero que não leve tanto tempo para as coisas retornarem”, disse.
Kaeser disse ainda que seria “um prazer investir um bilhão de euros amanhã” no Brasil, se houvesse um plano. Mas seria preciso que o governo desse ouvidos ao setor privado. “São Paulo tem um trânsito desastroso. Há coisas que dão para fazer e não estão sendo feitas.”
Kaeser, no entanto, se disse confiante, em especial com as PPPs (Parcerias Público-Privadas). “Estamos aqui há 50 anos e não queremos ir embora”.
Rodolfo Spielmann, chefe para América Latina do fundo de pensão canadense CPP, disse que há grande liquidez internacional, mas investir no Brasil não seria só uma questão de disponibilidade de capital, mas de bons projetos.
O CPP começou a investir na América Latina em 2006, mas chegou ao Brasil apenas em 2017, com o investimento em Votorantim Energia.
O Brasil, disse Spielmann, deveria seguir algumas premissas estabelecidas por outros países como a criação de projetos de longo prazo e que sobrevivam a mais de um mandato governamental; a existência de um ambiente regulatório estável e projetos que dependam menos de licenças ambientais e que sejam menos sujeitos a riscos de construção.
Questionado sobre a operação Lava Jato, Spielmann disse que há um esforço para explicar aos canadenses o que ocorre no Brasil. “Há cinco anos, as coisas eram bonitas para gringo ver, mas hoje vemos o problema. Acho que essa tendência ocorre não só no Brasil, mas na América Latina. Estamos no caminho correto”.