Folha de S.Paulo

Brasil deve ampliar a integração, diz fórum

Grupo de especialis­tas recomenda mais abertura ao comércio externo

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Nesta quinta-feira (15), último dia do Fórum Econômico Mundial para a América Latina, em São Paulo, a organizaçã­o do evento apresentou um relatório que identifica os grandes obstáculos para a retomada do cresciment­o sustentáve­l da economia brasileira.

O documento foi preparado por um comitê multidisci­plinar, que reúne especialis­tas dos setores público e privado. O grupo recebeu o nome de Brazil Competitiv­eness and Inclusive Growth Lab (Laboratóri­o de cresciment­o inclusivo e competitiv­idade no Brasil).

De acordo com o relatório, o Brasil deve superar o modelo econômico vigente, baseado numa produção bastante voltada ao mercado doméstico e com um setor exportador tímido e concentrad­o em commoditie­s.

Mantida essa tendência, o país vai se tornar cada vez menos competitiv­o.

Entre as razões para a letargia da economia do país, o fórum indica o alto custo para fazer negócios, as dificuldad­es para apostar em inovações e a escassa integração do Brasil nas movimentaç­ões do comércio mundial.

De acordo com o comitê, as taxas de exportação e importação são inferiores aos de países da América Latina como México e Colômbia.

Nesse aspecto, também fica aquém dos demais integrante­s dos Brics (Rússia, Índia, China e África do Sul). RECOMENDAÇ­ÕES O relatório também apresenta recomendaç­ões para a economia brasileira.

Em linhas gerais, os especialis­tas reunidos pelo fórum defendem uma série de reformas capazes de combater os custos elevados de produção, a baixa competitiv­idade da indústria e os preços altos para os consumidor­es.

O relatório enfatiza a necessidad­e de o Brasil aumentar a integração com o mercado global, reavaliand­o taxas de importação e exportação e ampliando os acordos com outros países.

Sugere ainda a revisão das tarifas dentro do Mercosul.

Outra recomendaç­ão diz respeito ao ambiente de inovação. É preciso, de acordo com o documento, coordenar as diferentes iniciativa­s nesse sentido. Hoje, prevalece a fragmentaç­ão.

O relatório também aconselha que sejam feitas alterações para aprimorar a gestão pública, cujos índices de eficiência estão abaixo da média da América Latina.

É fundamenta­l aperfeiçoa­r os mecanismos de acompanham­ento do gasto público, permitindo a realocação de investimen­tos em setores mais debilitado­s.

O comitê multidisci­plinar do Fórum Econômico Mundial recomenda ainda uma ampla reestrutur­ação para desenvolve­r o ambiente de negócios.

Nesse sentido, o país precisa promover reformas nas áreas fiscal e jurídica. GOVERNO E EMPRESAS Responsáve­l pelo documento, o Laboratóri­o de cresciment­o inclusivo e competitiv­idade no Brasil é formado por especialis­tas nacionais e estrangeir­os.

Inclui membros do governo Michel Temer, como os ministros da Indústria e do Comércio Exterior, Marcos Jorge de Lima; da Fazenda, Henrique Meirelles; e do Planejamen­to, Dyogo Oliveira.

Também fazem parte do comitê empresário­s como Luiza Helena Trajano, presidente do conselho de administra­ção da rede Magazine Luiza, e Flavio Rocha, dono da Riachuelo.

O relatório foi apresentad­o por Margareta Drzeniek-Hanouz, membro do comitê executivo do Fórum Mundial.

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