Segundo o presidente da Coca-Cola, os brasileiros não voltaram às compras
Alfredo Rivera, presidente da Coca-Cola para a América Latina, diz que o mercado brasileiro está demorando para reagir depois da recente recessão.
“A situação tem sido difícil, mas estamos há 76 anos no país”, diz. “Minha expectativa é que, com um novo presidente, haja um nível de confiança maior e o consumidor volte ao mercado.”
Com participação de 26% das vendas na região, o Brasil segue como prioridade nos investimentos da empresa, de R$ 3 bilhões ao ano nos últimos cinco anos.
Rivera espera que, em 2019, o novo governo aprove a reforma da Previdência e evite um cenário inflacionário à frente. “Um candidato populista pode decidir que quer provar algo diferente, mas não creio que terá êxito.” Folha — A economia brasileira passa por uma recuperação cíclica, depois de cair mais de 7% durante a recessão. Isso pode ter fôlego curto sem a aprovação da reforma da Previdência e de mais ajustes nas contas públicas. Como a empresa sentiu a crise e qual a estratégia nesse cenário?
Alfredo Rivera - A situação tem sido difícil, mas estamos há 76 anos no país e, nesse período, vimos muitas crises e muitos booms econômicos. A diferença agora é que queremos construir um negócio mais sólido para que, na próxima crise, não tenhamos a concentração de negócios que tivemos desta vez.
O aprendizado mais importante ao longo dos anos na América Latina é que somos lentos em nos adaptar. Agora procurarmos fazer isso mais rapidamente para crescer em ambientes difíceis e assumir alguns riscos.
Eu acredito muito no Brasil, que tem potencial muito grande quando começa a crescer. Temos muitas oportunidades de diversificação, com refrigerantes, sucos, água e chás. Nossa estratégia também é diminuir custos tanto com investimentos em embalagens
O que entendi é que quem entrar no poder não terá alternativa a não ser fazer reformas, especialmente a da Previdência. O déficit fiscal é de tal magnitude que uma crise detonaria um impacto muito forte, com inflação, e isso impacta o consumidor. A impressão que tenho é que essas reformas serão aprovadas. Um candidato populista pode decidir que quer provar algo diferente, mas não creio que terá muito êxito.