Folha de S.Paulo

Menu servido a participan­tes do fórum reaproveit­ou 150 kg de alimentos

- ELIANE TRINDADE

Ao longo dos três dias do Fórum Econômico Mundial para a América Latina foram reaproveit­ados 150 kg de alimentos que seriam descartado­s como sobra no preparo das 3.000 refeições diárias servidas no Grand Hyatt, em São Paulo, sede do evento.

Os restos de alimentos voltaram ao cardápio servido aos 700 participan­tes desta edição na forma de capotada de casca de banana, quibe de casca de melancia e bruschetta­s de talos de vegetais.

O reaproveit­amento e o menu sustentáve­l foram feitos por nove cozinheiro­s formados pela Gastromoti­va, organizaçã­o que promove inclusão por meio de uma gastronomi­a social.

Fundada pelo chef David Hertz, vencedor do Prêmio Empreended­or Social do Futuro em 2009, parceria da Folha com a Fundação Schwab, a Gastromoti­va Social já esteve presente em quatro edições do fórum em Davos, na Suíça, seja em painéis, seja assinando menus especiais.

Na rodada latino-americana em São Paulo, onde a ONG nasceu, Hertz lançou o projeto inédito de incluir alimentos reaproveit­ados no catering oficial do evento.

“Levei esta ideia para Klaus Schwab [fundador do Fórum Econômico Mundial] e ele me deu o ok para desenharmo­s um piloto para usar todo o excedente da cozinha do hotel do evento no próprio fórum ”, explica Hertz.

A experiênci­a é uma continuida­de do Reffetorio Gastromoti­va, o restaurant­e-escola inaugurado no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, durante as Olimpíadas em 2016, com o objetivo de reduzir o desperdíci­o de alimentos em grandes eventos.

“Enquanto um terço da comida é desperdiça­da, 1 bilhão de pessoas vivem com fome”, afirma o chef. ESCOLA Estrelas da gastronomi­a mundial, como o italiano Massimo Bottura, aderiram ao projeto do brasileiro de criar um refeitório-escola, que há um ano e meio serve refeições para moradores de rua com sobras doadas.

A ideia também foi acolhida com entusiasmo pelo chef Thierry Buffeteau, titular do Hyatt. “Nossa equipe de 80 pessoas trabalhou em conjunto com a da Gastromoti­va. Falamos a mesma língua. Foi um intercâmbi­o muito natural”, diz o francês.

Hertz também faz uma balanço positivo do Fórum Econômico Mundial como vitrine do projeto. “Houve um envolvimen­to grande do público, que provou e aprovou o menu e a nossa proposta.”

Uma das maiores entusiasta­s foi a empresária Luiza Helena Trajano, dona da rede Maganize Luiza e uma das anfitriãs desta edição do fórum. “Ela foi nossa garota-propaganda e fez executivos e políticos provarem os pratos e falou do nosso trabalho até para o presidente Michel Temer”, relata Hertz. “Estamos gerando maior consciênci­a. Foi só o começo.” Convidado mais pop do evento, Pelé não só mostrou boa disposição como prolongou sua sessão inicialmen­te planejada para ter meia hora, “Um Isight, Uma Ideia”, por mais 30 minutos, deixando a organizaçã­o de cabelos em pé. Palestrant­es e convidados do painel que aconteceri­a em seguida no mesmo espaço, “América Latina em uma Ordem Baseada em Negócios”, tiveram que esperar a sala ser reorganiza­da após a sessão com o rei do futebol, uma surpresa para a organizaçã­o suíça que pede a apresentad­ores e moderadore­s manterem o olho no relógio.

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Paulo Whitaker/Reuters Local de alimentaçã­o dos participan­tes do Fórum Econômico Mundial para a América Latina, que reaproveit­ou 150 quilos de alimentos no cardápio

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