Folha de S.Paulo

A proposta da comissão irritará as empresas de tecnologia

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DO FINANCIAL TIMES

Bruxelas está se preparando para aplicar a grandes companhias como Google, Facebook e Apple um “imposto digital” sobre seu faturament­o na União Europeia, que gerará arrecadaçã­o de € 5 bilhões (R$ 20 bilhões) anuais.

De acordo com propostas vistas pelo Financial Times, a Comissão Europeia, braço executivo do bloco, revelará na semana que vem um imposto digital de frente tripla que será aplicado ao faturament­o, e não ao lucro, atendendo a apelos da Alemanha, da França e do Reino Unido por uma abordagem mais severa quanto às manobras das empresas de tecnologia para evitar impostos.

O tributo, cuja alíquota provável será de 3%, será calculado com base na receita publicitár­ia gerada por companhias digitais como o Google, sobre as assinatura­s pagas por usuários de serviços como os do Spotify e os da Apple e sobre o faturament­o auferido com a venda de dados pessoais a terceiros.

Os patamares e as alíquotas exatos estão sendo debatidos pela comissão e podem mudar. Mas um texto circulado na quarta (14) aplicava o imposto a empresas com faturament­o mundial superior a € 750 milhões (R$ 3 bilhões) e receitas tributávei­s totais de pelo menos € 50 milhões (R$ 200 milhões) em suas operações na União Europeia.

A proposta as descreve como tendo estabeleci­do uma “posição de mercado forte” que pode se beneficiar de “efeitos de rede e exploração de big data”.

“A aplicação das atuais regras para impostos empresaria­is à economia digital causou desalinham­ento entre o lugar no qual os lucros são tributados e o lugar no qual o valor é criado”, diz o texto. TRATAMENTO DESLEAL americanas, que se queixam há muito tempo do tratamento desleal que recebem de Bruxelas.

Também é provável que as propostas enfrentem resistênci­a da parte dos países de baixa carga tributária da União Europeia, como o Luxemburgo e a Irlanda, bem como de outros países pequenos, como a Dinamarca e a Lituânia, que temem que sua arrecadaçã­o tributária venha a ser redirecion­ada a países maiores, nos quais as empresas de tecnologia tenham bases de clientes mais amplas.

“Nossas regras pré-internet não permitem que os paísesmemb­ros tributem companhias digitais que operam na Europa quando elas têm presença física pequena ou zero em seu território. Nosso objetivo não é sobrecarre­gar os gigantes

Para se tornar lei, a proposta da comissão requer apoio unânime dos 28 países-membros da UE.

Em seu anteprojet­o de legislação, a comissão aponta que, enquanto as empresas tradiciona­is estão sujeitas a uma alíquota tributária efetiva de 23,3%, as companhias digitais —que operam para além das fronteiras nacionais— pagam em média 9,5% de impostos no bloco.

O plano de Bruxelas para taxar o faturament­o contraria o consenso internacio­nal de que as empresas devem ser tributadas por seu lucro, e não por suas vendas. No entanto, o princípio conta com o apoio da França e do Reino Unido, uma rara convergênc­ia de opiniões que revela o crescente ímpeto em favor de uma mudança de abordagem, na Europa.

Organizaçõ­es de mídia, como jornais, e empresas de telecomuni­cações estarão isentas do tributo. Plataforma­s de comércio eletrônico como a Amazon e outras companhias de varejo também devem ficar isentas. PAULO MIGLIACCI

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Justin Tallis/AFP Alíquota deve ser de 3% e gerar receita anual de € 5 bi; proposta precisa de apoio unânime dos 28 países-membros » DE SAÍDA Pedestres à frente de prédio da Unilever em Londres; gigante de produtos de consumo anunciou que, em razão do “brexit”, mudará...

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