Uma matriarca com voz tranquila e pés hábeis
Os sete filhos deixavam a casa de Déa sempre cheia. Eram risadas, brincadeiras e também bagunças e brigas, mas nada disso conseguia tirar a calma do rosto da matriarca. A voz era baixa, o tom tranquilo. Nunca gritou, garante a filha Maria Lúcia.
Quando algo acontecia e parecia que a serenidade não bastaria, ela apelava a algum fato engraçado e pronto! Conseguia desnuviar o local.
Caçula em uma família de cinco irmãos, Déa deixou o Rio de Janeiro e a casa dos pais em 1946 para casar com o primo Hélio. Os encontros, que começaram na juventude, na casa do avô em Caçapava, viraram uma união de 71 anos, completados em 2017.
No começo, o casal morou em cidades do interior paulista devido ao trabalho de desembargador de Hélio, até se fixar em São Paulo, em 1954.
Entre os trabalhos de casa e o cuidado com os filhos, Déa trazia da juventude alguns de seus maiores prazeres. O veio educador, por exemplo, que manteve com os filhos e no trabalho no Centro Santa Marta, nos anos 1950 e 1960, vinha da época que em ajudava na escolinha que a irmã montou na casa dos pais.
Os saraus a fizeram fã da leitura e com pés afiados para a dança. Aproveitava cada festa e, principalmente, a época de Carnaval. Sempre deixando claro que era ela quem guiava: “Hélio até gosta, mas não sabe dançar”, dizia.
A alegria mais recente foi a pintura. Fazia aulas acompanhadas de conversas e cafezinhos com amigos, até ter a rotina interrompida pelo Alzheimer há alguns anos, doença que a levou nesta sexta (16), aos 96, deixando o marido, filhos, 14 netos e 10 bisnetos. coluna.obituario@grupofolha.com.br Aos 68, casado com Nadir Curcio dos
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