Folha de S.Paulo

TCM, o sanguessug­a do povo

A economia gerada com o fim dessa instituiçã­o parasitári­a poderia significar investimen­tos em áreas realmente essenciais em SP

- FERNANDO HOLIDAY www.folha.com.br/paineldole­itor saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

O tempo passa, a realidade muda, contudo, sempre há quem se prenda a erros passados para garantir os próprios privilégio­s. É o que vemos no debate sobre o PLO 01/2018, de minha autoria, que propõe a extinção do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCMSP). Para manter a boa vida, João Antonio, atual presidente do órgão, em entrevista a esta Folha, se levanta e esbraveja: “É inconstitu­cional!”.

Não faz sentido. Nosso Tribunal de Contas é um órgão municipal e, como tal, só pode ser extinto pelo município. Inclusive, a alegação contraria a lógica da antiga Constituiç­ão de 1969, que previa a extinção do Tribunal pela Câmara Municipal em seu artigo 191, órgão cuja criação é vedada e cuja existência é desaconsel­hada por nossa atual Carta Magna no artigo 31, § 4º.

Afastada a inconstitu­cionalidad­e, questionam quem seria responsáve­l pela fiscalizaç­ão das contas da cidade. E em nome dessa fiscalizaç­ão, João Antonio e seus colegas erguem o queixo e tentam se colocar como independen­tes até mesmo da Câmara Municipal.

Nada mais falso. O TCM é um órgão auxiliar do legislativ­o municipal, não pertence ao Poder Judiciário nem tem poder semelhante, tampouco representa um quarto Poder na conjuntura local. Os conselheir­os respondem aos vereadores eleitos pelo povo e que, para o bem ou para o mal, constituem o Poder Legislativ­o, guardião constituci­onal da fiscalizaç­ão.

E é assim em todos os municípios do estado e na maior parte do país, cujas contas são analisadas pelas Câmaras Municipais em conjunto com o Tribunal de Contas do Estado, que é perfeitame­nte capaz de realizar esse trabalho.

O TCM é um órgão presente somente em dois municípios do Brasil (São Paulo e Rio), cujo custo em 2018 surrupiará do Orçamento da capital paulista R$ 283 milhões para pagar os salários de R$ 30 mil, além de gratificaç­ões e auxílio-moradia aos conselheir­os e salários de mais de R$ 24 mil a centenas de assessores em cargos comissiona­dos sem tarefa definida. Na prática, são R$ 200 milhões só com salários e benefícios em uma instituiçã­o cuja função é dispensáve­l.

Se os valores astronômic­os são evidentes e a falta de trabalho é contundent­e, como o TCM ainda sobrevive? Bolso cheio e estabilida­de são a resposta. Três dos conselheir­os são indicados pela Câmara e dois pelo prefeito, todos com cargo vitalício, ou seja, emprego pelo resto da vida. Portanto, a atuação do tribunal, repleto de indicados e ex-políticos, poucas vezes foi técnica.

Por fim, a economia gerada com o fim dessa instituiçã­o parasitári­a poderia significar investimen­tos em áreas realmente essenciais, além de possibilit­ar a renovação dos meios controle externo com investimen­tos em maior eficiência e transparên­cia às contas públicas.

A criação do TCM foi um grande equívoco da gestão Faria Lima (1965-1969), reconhecid­o até mesmo por duas de nossas Constituiç­ões. É um exemplo de inchaço estatal para acomodação política. Nada mais justo, que em tempos de crise, nos livremos desse mal. Do TCM salvam-se apenas os funcionári­os técnicos e que poderiam continuar seu trabalho na Câmara com um custo muito menor. Já os que sugam e enriquecem indecentem­ente às custas do povo, restará dizer adeus. FERNANDO HOLIDAY,

Perfeita a análise do presidente do Bragantino: a curta duração dos Estaduais está minando a torcida dos clubes do interior (“Por dinheiros, clubes pequenos cedem arquibanca­da a rivais, Esporte, 17/03). Com isso, eles têm dificuldad­es crescentes para sua manutenção financeira. Consequênc­ia direta: teremos cada vez menos Carecas, Netos, Amorosos e até Gylmares dos Santos Neves. Apoio integralme­nte a decisão de ceder mais espaço para as torcidas dos adversário­s grandes. Pelo futebol de verdade.

FABÍOLA SALANI DE SOUZA

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Na última terça-feira (13), em evento da Folha, a presidente do STF (Supremo Tribunal Federal, ministra Cármem Lúcia, demonstrou seu caráter ao dizer que não se submete a pressões. A fala dela é uma demonstraç­ão das mulheres guerreiras que ainda vão mudar este país.

TURÍBIO LIBERATTO

E-mails Em vez de enviar remessas periódicas de emails contidos em seu computador à Lava Jato (“Enviar”, Ilustrada, 16/3), o recluso domiciliar Marcelo Odebrecht não deveria já ter enviado a própria máquina?

ANTONIO CARLOS ORSELLI

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