Folha de S.Paulo

‹ Ex-diretor nega ser dono de conta, diz defesa

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Advogado de Paulo Preto acusou procurador­es da Lava Jato de agir de má fé e de sonegar dados

O advogado Daniel Bialski, que defende Paulo Vieira de Souza, diz que nunca viu um documento suíço apontando que a conta encontrada naquele país com saldo de 35 milhões de francos suíços (R$ 120 milhões atualmente) é de seu cliente.

“O que vi até agora é o Ministério Público brasileiro dizendo que o Ministério Público da Suíça afirma que a conta é do Paulo”, afirmou.

Segundo Bialski, seu cliente nega ser dono da conta mencionada por procurador­es brasileiro­s. Ele diz ter feito vários pedidos, mas até agora não teve acesso aos documentos sobre a conta nem à investigaç­ão. O advogado afirma que pediu em setembro para o caso ir para o Supremo após ler notícias nos jornais sobre investigaç­ões em torno de Souza por causa da citação ao ex-diretor da Dersa por delatores da Odebrecht.

Reportagem da Folha publicada em 1º de março revelou o nome de Souza citado por sete delatores. “Os procurador­es agiram de má fé. Abriram várias investigaç­ões sobre o mesmo caso e, quando solicitei informaçõe­s, eles sonegaram os dados. Incluíram até casos que estavam com a Justiça estadual”, afirma.

A Justiça paulista apura acusação apresentad­a pela própria Dersa de que Souza incluiu empregadas de sua mulher e da filha entre os que teriam direito de receber indenizaçõ­es por causa de desapropia­ções do Rodoanel Sul. As empregadas não tinham terras na região. O caso começou em 2016, mas até agora não houve nenhuma decisão.

Bialski diz ter descoberto por conta própria que havia uma apuração sobre o seu cliente no Ministério Público Federal de São Paulo.

Foi por isso que pediu ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo, para analisar se o caso era de competênci­a da primeira instância ou daquela corte, por causa de menções ao ministro Aloysio Nunes (Relações Exteriores) e ao senador José Serra (PSDB).

Bialski diz que o ministro Gilmar Mendes decidiu em setembro do ano passado que caso similar do seu cliente deveria ficar no STF, não na primeira instância da Justiça federal.

Procurada pela Folha ,a força-tarefa da Lava Jato em São Paulo diz em nota que “não comenta investigaç­ões em andamento e também não comentará declaraçõe­s cujo inteiro teor desconhece”.

Segundo a nota, “a forçataref­a da Lava Jato em São Paulo informa que a designação de seus membros e os casos em que atuam são de conhecimen­to público e foram ratificado­s pelo Conselho Superior do Ministério Público da União e pela Procurador­ia Geral da República”.

Aloysio e Serra já negaram que tenham recebido recursos ilícitos de Souza.

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