Desembargadora será processada por fala sobre Marielle
DO UOL, NO RIO DE JANEIRO
O PSOL anunciou que vai entrar com uma ação contra a desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio Marilia Castro Neves após a magistrada afirmar que a vereadora Marielle Franco, morta na quarta-feira (14), “estava engajada com bandidos”.
Como revelou a coluna Mônica Bergamo, o comentário da desembargadora, feito em postagem de um advogado em rede social, dizia que o comportamento de Marielle, “ditado por seu engajamento político, foi determinante para seu trágico fim”.
“A questão é que a tal Marielle não era apenas uma ‘lutadora’, ela estava engajada com bandidos! Foi eleita pelo Comando Vermelho e descumpriu ‘compromissos’ assumidos com seus apoiadores. Ela, mais do que qualquer outra pessoa ‘longe da favela’ sabe como são cobradas as dívidas pelos grupos entre os quais ela transacionava”, escreveu a desembargadora.
Posteriormente, ela afirmou que tinha lido sobre Marielle, que não conhecia, no texto de uma amiga. “Eu só estava me opondo à politização da morte dela.”
Neste sábado, o vereador Tarcísio Motta (PSOL) afirmou que o partido entrará com ação por calúnia e difamação contra a magistrada e fará uma representação ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça). “A desembargadora deveria ter o mínimo de responsabilidade sobre a vida de Marielle, inclusive pelo cargo que ocupa”, disse. “Mancharam, absurdamente, o nome de Marielle.”
“[O assassinato] é um crime politico, é um atentado contra a democracia. Negar isso é calar as bandeiras que Marielle defendia”, afirmou.
Já o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, Marcelo Chalréo, disse que a entidade está reunindo material referente ao caso para discutir o tema com o vice-presidente da comissão a partir de segunda-feira.
“Na minha opinião, deve ser aberto um procedimento investigativo para apurar possível cometimento de crime pela desembargadora pela Corregedoria do TJ”, disse.
A desembargadora não foi encontrada para comentar as declarações até a conclusão desta edição. O CNJ e o Tribunal de Justiça do Rio também não se manifestaram.
O PSOL estuda ainda possíveis ações contra o deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF), que postou acusações contra Marielle no Twitter. “Outra mentira divulgada neste sábado é que Marielle havia sido casada com Marcinho VP, conhecido traficante carioca, com quem teria tido um filho aos 16 anos. Até o deputado federal Alberto Fraga divulgou o absurdo”, afirmou a sigla em nota. Fraga apagou o tuíte.