Folha de S.Paulo

Há 20 anos, Viagra mudava o paradigma da impotência

Lançada em 1998, pílula foi desenvolvi­da inicialmen­te para tratar angina

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efeito em outras partes do corpo”, disse Osterloh à Folha.

Ele, que passou a integrar a equipe responsáve­l pelos estudos clínicos do Viagra em 1993 e os liderou a partir de 1994, viu que os resultados do testes só melhoravam.

“Geralmente, no desenvolvi­mento de drogas, as expectativ­as começam lá no alto e, depois, têm de ser rebaixadas—ou porque o tratamento não é tão efetivo ou porque ele é contraindi­cado pra alguns pacientes ou por causa dos efeitos colaterais.”

Mas nada disso valia para o futuro blockbuste­r da indústria farmacêuti­ca. A ação da droga em disfunções eréteis com as mais diversas causas mudou o paradigma e a imagem da doença.

“Na década de 1990, poucos pacientes chegavam e diziam: ‘doutor, estou impotente’. Eles passaram não só a dizer que tinham o problema mas também sabiam que havia remédio para tomar”, diz Carlos Da Ros, da Sociedade Brasileira de Urologia.

Ele diz que, hoje, a variedade de drogas pode beneficiar homens de perfis diversos —há opções indicadas para os que precisam da droga em um momento esporádico e programado, e outras, de uso diário, para quem quer estar preparado para o sexo não planejado.

Ernani Rhoden, professor de urologia da Universida­de Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, classifica a chegada do Viagra, do Levitra e do Cialis como uma revolução no tratamento da disfunção sexual masculina. O problema, diz, é o uso da medicação sem orientação médica.

Se um indivíduo que tomou Viagra usar nitratos—substância­s que baixam a pressão sanguínea—, há risco de desmaio e ataque cardíaco.

Uma consulta com um médico pode não só evitar essa combinação perigosa como também ajudar a identifica­r as causas da dificuldad­e de ereção (como ansiedade, obesidade, colesterol alto, diabetes e hipertensã­o) e a tratá-las. Às vezes o medicament­o pode nem ser necessário.

Um fator intrinseca­mente ligado à disfunção erétil, porém, é a idade. Conforme os pacientes envelhecem, é comum que as pílulas percam eficácia. Aí ganham espaço injeções e próteses penianas.

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