No pênis era alternativa
Uma droga criada originalmente para um tipo de dor no peito acabou causando uma revolução no tratamento da impotência —que até mudou de nome depois para disfunção erétil. Tudo por causa de seu poderoso efeito colateral.
É esse caráter inusual que fez a trajetória do Viagra, lançado há 20 anos, ficar famosa. Um exemplo de remédio que mirou no que viu e acertou no que não viu.
Quando a droga foi aprovada em todo o mundo após quase uma década de testes, o tratamento para a então impotência era limitado a bombas de vácuo, injeções no pênis e implantes em casos de origem orgânica ou psicoterapia quando havia fundo emocional.
Uma droga oral que tratasse o problema de forma menos invasiva e mais discreta parecia sonho distante para urologistas e pacientes. Quem poderia acreditar que, com uma ação simples —o bloqueio do funcionamento de uma enzima, a fosfodiesterase do tipo 5, ou PDE5—, viria o tratamento da doença que afeta cerca de 50% dos homens acima dos 40 anos?
De início, a sildenafila (princípio ativo do Viagra e inicialmente conhecida como UK-92480 nos arquivos da farmacêutica Pfizer) precisou vencer a desconfiança dos médicos para provar a que veio.
Fisiologicamente, a ereção, sua manutenção, o desejo sexual e o prazer dependem de inúmeros mecanismos celulares e bioquímicos.
O Viagra —assim como drogas da mesma classe que viriam depois, como Cialis e Levitra— age, a princípio, em um único ponto de toda essa complexidade, relaxando a musculatura interna dos corpos cavernosos e permitindo a entrada de sangue.
Os benefícios, como se sabe, vão muito além: os pacientes reportam melhor qualidade de orgasmo, mais desejo sexual e satisfação pessoal.
Um dos responsáveis por esse feito, o químico, médico TRATAMENTO Drogas como o Viagra inibem a enzima fosfodiesterase do tipo 5 (PDE5), que faz com que o órgão permança flácido FLUXO A ereção ocorre quando a musculatura lisa dos corpos cavernosos relaxa, o que permite que haja um influxo de sangue para dentro do orgão. Com a PDE5 fora da jogada, o órgão se mantém rígido por mais tempo EFEITOS COLATERAIS Entre os efeitos colaterais estão rubor na face, dor de cabeça, enjoo, tontura, visão turva e dores musculares e consultor britânico Ian Osterloh, começou a trabalhar na Pfizer em meados da década de 80, quando a UK-92480 ainda era só um palpite para o tratamento de angina, condição dolorida causada pelo estreitamento das artérias coronárias, que irrigam o coração.
A droga não fazia nem cócegas na desobstrução desses vasos, mas alguns pacientes do País de Gales, onde testes foram conduzidos, reportaram melhoria de suas ereções.
“Ninguém conseguia entender como uma droga, especialmente uma que expande vasos sanguíneos, poderia agir no pênis sem ter grande