Folha de S.Paulo

O cara que decide

- PAULO VINÍCIUS COELHO

MESSI ABRIU o marcador para o Barcelona contra o Chelsea aos 3 minutos do primeiro tempo e esmagou a estratégia defensiva dos ingleses, na quarta-feira (14), pelas oitavas de final da Liga dos Campeões.

Oito dias antes, foi de Cristiano Ronaldo o primeiro gol na vitória sobre o Paris Saint-Germain.

Um terço de seus gols coloca o Real Madrid em vantagem, tira do 0 a 0 como na terça-feira (6), contra o Paris Saint-Germain, ou transforma empates momentâneo­s em vitórias.

Era um dos contra-argumentos dos fiéis a Cristiano Ronaldo quando, no fim do ano passado, dizia-se que Messi havia feito mais gols no ano de janeiro a dezembro.

Cristiano decidia mais. Marcava na hora da dificuldad­e, mais do que Lionel Messi.

Nesta temporada não é possível dizer o mesmo. Messi define sempre. Seus últimos três gols abriram o placar, contra Las Palmas, Atlético ou jogo pequeno. Tanto faz. Emilinha ou Marlene, Senna ou Piquet.

Os adeptos do gajo apontam, por exemplo, para os gols nas quartas de final da Liga dos Campeões 2016/17, contra o Bayern. Os alemães venciam por 1 a 0 em Munique e Cristiano fez três gols.

Em março de 2017, o destaque na virada do Barcelona sobre o PSG, pelas oitavas de final da Liga dos Campeões, não foi Messi. Foi Neymar. O Barça não chegou às semifinais. tem 37 gols, incluindo partidas pela seleção. Messi também. Um terço dos gols do argentino abriu o marcador ou tirou o empate do placar. O gajo, idem.

A vantagem de Cristiano é ter feito doze gols na competição e caminhar para igualar o recorde que já lhe pertence: 17 gols em 2013/14. Dos doze anotados na Liga dos Campeões , quatro colocaram o Real na frente. de 29, oito tiraram o empate do marcador: 36%.

Um terço dos gols de Neymar também define jogos.

A diferença é que o brasileiro está fora da Liga dos Campeões. Sua chance de entrar na conversa é arrebentar na Copa do Mundo.

Por enquanto, o debate é o mesmo dos últimos dez anos: Messi a Cristiano. Os dois gênios seguem fazendo questão de registrar que o futebol vive uma década que será lembrada para sempre. Assistir toda semana a Cristiano x Messi é um privilégio semelhante ao de quem pôde ver Pelé e Garrincha nos anos 60. Coroar esta década seria a final da Machado, muito menos de Diego Aguirre. A renovação incomoda treinadore­s da velha guarda. Dizem que os novatos não têm autoridade e os jogadores fazem o que querem. Não é o que se vê na prática. O acúmulo de jogos dificulta os treinos, mas a geração que tentará o título estadual busca novas soluções.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil