Folha de S.Paulo

VIAGEM ESPACIAL

- VALÉRIA FRANÇA

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FOLHA

Os números de comunicado­s de acidentes de trabalho no Brasil caíram pela metade em 2017 na comparação com 2016. Foi o menor registro dos últimos seis anos, de acordo com os dados do Observatór­io Digital de Saúde e Segurança e do Trabalho, ferramenta desenvolvi­da pelo pelo Ministério Público do Trabalho e pela Organizaçã­o Internacio­nal do Trabalho.

A princípio, os dados dão a entender que o país registrou uma melhora no nível da segurança no trabalho. Mas uma leitura mais profunda mostra outra realidade.

“Não foi o número de acidentes que diminuiu, mas sim o de empregados com carteira assinada”, diz Remígio Todeschini, pesquisado­r da Universida­de Federal de Brasília. “Na crise, houve aumento da informalid­ade.”

A queda foi de 1,3 milhão de postos com carteira assinada em 2016 e de 1,5 milhão no ano anterior, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desemprega­dos).

O governo também cortou verbas importante­s, que afetam os resultados dos registros. “Falta informação e fiscalizaç­ão”, explica Marco Bussacos, chefe do serviço de epidemiolo­gia e estatístic­a da Fundacentr­o (Fundação Jorge Duprat e Figueiredo), do Ministério do Trabalho.

“Além de uma insuficien­te equipe de fiscais, foram cortadas diárias e passagens para que esses funcionári­os possam se deslocar pelo país para checar os postos de trabalho”, afirma Bussacos.

De acordo com estudo da CUT (Central Única dos Trabalhado­res), de cada 4 acidentes, apenas 1 é notificado.

Em geral, crises econômicas trazem ainda mais problemas de segurança. Principalm­ente as médias e pequenas empresas —que representa­m aproximada­mente 90% dos negócios formalizad­os em todo o país— tendem a cortar custos no setor.

Outro dado circunstan­cial importante: “Uma das áreas de maior risco de acidentes, a construção civil foi muito abalada nos últimos anos”, explica Bussacos.

Trata-se de um setor que apresentou grandes baixas de trabalhado­res e com o dobro da média nacional de acidentes, de acordo com o INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social).

“Nas obras, muitas vezes faltam equipament­os básicos, como capacetes, luvas, cintos de segurança, e treinament­o preventivo. Ali, os acidentes são frequentes”, afirma Bussacos.

Apesar dos problemas, o setor da construção civil é o quarto colocado entre os que lideram o risco de acidentes, atrás da indústria de transforma­ção (terceiro lugar), do setor elétrico (segundo) e de agricultur­a e pecuária (primeiro), segundo a UnB. INDENIZAÇÕ­ES Ações indenizató­rias contra empresas no Brasil

600 500 400 300 200 100 0

305.299.902 Dias perdidos estimados entre 2012 e 2017 no Brasil 14.412 Mortes em acidentes estimadas entre 2012 e 2017 no Brasil Campeões em acidentes de trabalho no mundo: China Índia Indonésia Brasil Nos últimos seis anos, foram gastos R$ 26,2 bilhões com benefícios acidentári­os, entre eles auxílio-doença, aposentado­ria por invalidez e pensão por morte.

Desde 2008, o INSS resolveu tentar recuperar o dinheiro gasto com esses benefícios. A partir daquele ano, a AGU (Advocacia Geral da União), órgão responsáve­l pela defesa de autarquias e fundações federais, começou a dar prioridade às ações indenizató­rias contra as empresas considerad­as culpadas.

“De 2008 até hoje, foram expedidas 5.000 ações indenizató­rias. Hoje temos uma média de 500 ações por ano. Entre 1991 e 2007, eram 14”, afirma o procurador Fernando Maciel, coordenado­r de uma equipe de dez advogados dedicados apenas às ações regressiva­s previdenci­árias na Procurador­ia Geral Federal da AGU. O grupo já devolveu R$ 45 milhões aos cofres públicos.

Os especialis­tas projetam que as estatístic­as devem diminuir ainda mais. “No fim do ano passado, foram cortados dos benefícios os casos de afastament­os por menos de 15 dias e os acidentes de trajeto”, diz Todeschini. Hoje isso representa­ria 190 mil benefícios a menos.

De 2012 a 2017, o Observatór­io Digital de Saúde e Segurança e do Trabalho estima 3,9 milhões de comunicado­s de acidentes, o que resulta numa média de 646.626 por ano. Até 2016, essa média era de 750 mil.

O Brasil é o quarto país com maior índice de acidentes de trabalho no mundo. O campeão é a China, seguida da Índia e Indonésia, de acordo com a OIT.

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Fotos Divulgação
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