Por que Bolsonaro?
Militar da reserva e deputado desde 1991, Jair Messias Bolsonaro (PSL) “responde a demandas reais de pessoas reais”. Vem do sociólogo Thiago Santos, 32, a resposta que melhor sintetiza o sentimento dos oito eleitores do presidenciável que a Folha reuniu em sua Redação, em 14 de março, a fim de entender o que os leva a vê-lo como o mais bem qualificado para ocupar o Palácio do Planalto em 2019.
Na última pesquisa Datafolha, de janeiro, Bolsonaro chega a liderar nos cenários semoex-presidenteLula(PT), com até 20% das intenções de voto. Nas simulações com o petista, fica em segundo.
“Enquanto jornalistas e intelectuais estão preocupados com banheiro unissex, ele está falando dos 60 mil assassinatos que acontecem todo ano no Brasil, falando desse massacre da classe trabalhadora”, afirma Santos, que vem de uma família de Guaianases, periferia paulistana.
Secompartilhamogostopelohomemqueveemcomopredestinado a “dar um jeito no Brasil”,osperfissãodistintos: damanicurePriscilaMedeiros, 37, e o filho Lucas, 19, ambos desempregados e moradores de Itaim Paulista (zona leste de São Paulo), à ex-coordenadora do Endireita Brasil, movimentodireitista,PatríciaBueno, 37, residente de outro Itaim, o Bibi, bairro nobre da cidade (veja acima os outros componentes do grupo).
Três deles contam ter votado no PT em algum momento. “Tenho vergonha”, diz o diretoradministrativoRaphaelDaniele, 34, “ex-militar e membro da Congregação Cristã”.
Justifica-se: mais jovem, “eu tinha situação boa, viajava de helicóptero, me sentia culpado [pela desigualdade social].Nofundoele[Lula]me dava esperança que ia pegar o que estava recebendo do FHC, que resolveu a situação do real, a paridade do dólar... Eu achava que Lula pegaria tudo aquilo e profissionalizaria no sentido de distribuir a renda. Ele fez o contrário. Pegou os piores podres e profissionalizou no oposto, para destruir princípio, a base, que é a família.”
Nilson Franco, 48, é coronel do Exército na reserva e conta ter conhecido Bolsonaro pessoalmente. Aposta em sua honestidade. “Em 2002, eu brigava com você se falassemaldeLula.”Elencaescândaloscomoodopastarosapara explicar seu desgosto com a era FHC. E hoje, o que mudou? Nada, diz. “Tem que dar um basta. Para Aécio [Neves, PSDB],R$2milhões[desuposta propina]. [Antonio] Palocci [PT]sãomilhõesemilhões.Vocêdesanimadeserhonesto.O