Ruído de sabres na Venezuela
RUÍDO DE sabres é uma expressão usual na América Latina para referir-se aos sabres de cerimônia dos militares, quando se mexem para depor governos e tomar o poder.
A expressão caiu de moda, assim como os golpes militares, nos últimos 20 ou 30 anos, mas está ressurgindo agora em um país, a Venezuela, em que há, paradoxalmente, uma ditadura cívico-militar, mais militar que civil, aliás.
O episódio mais notório de ruídos na relação do governo de Nicolás Maduro com os militares foi a prisão na semana passada de Miguel Rodríguez Torres, que foi ministro do Interior de Hugo Chávez —e, como tal, responsável pela montagem do aparato repressivo do chavismo.
Rodríguez Torres foi também um dos mais proeminentes membros do chamado 4F, o grupo de militares liderados por Chávez, que, no dia 4 de fevereiro de 1992, tentou derrubar o governo de Carlos Andrés Pérez. que lhe foi dada por outro dissidente do chavismo, Rafael Ramírez, ex-presidente da estatal petrolífera PDVSA.
Além dos laços com o inventor do “socialismo do século 21”, Rodríguez Torres é amigo do ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, pilar essencial na manutenção do apoio dos militares à ditadura.
A prisão de Rodríguez Torres pode ser a mais significativa, mas não é a única. denuncia que o governo está fazendo uma ofensiva nos quartéis, prendendo “oficiais de diferentes patentes nos últimos 20 dias”.
Acrescenta o presidente da Frente, o vice-almirante da reserva Rafael Huizi Clavier: “A crise na instituição castrense é mais profunda do que se crê e começa a alcançar várias peças importantes consultor para solução de conflitos.
Escreveu Villalobos: “As ditaduras não caem porque seu poder de coerção se debilita, mas porque se rompe a coesão em suas fileiras. A caçada a militares não é uma manifestação de força, mas uma evidência de rachaduras no regime”.
Reforça Risa Grais-Targow, responsável pela Venezuela na consultoria Eurasia: para ela, a prisão de Rodríguez Torres “sugere que Maduro está ativamente preocupado com a coesão interna e, particularmente, com a lealdade dos militares, apesar do sucesso na consolidação do para que Maduro fique realmente ameaçado. Até porque os cubanos controlam o serviço de inteligência e a repressão, tarefas em que são especialmente competentes.
Seja como for, há fantasmas na paz dos cemitérios imposta em Caracas.