Folha de S.Paulo

Ex-líder catalão escapa da Finlândia e vai para Bélgica

- CATALUNHA DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Um casal que acaba de ter um filho na Alemanha e pensa em dar entrada no Elterngeld —ajuda estatal para pais que desejem interrompe­r ou restringir sua atuação profission­al— deve se preparar para uma saga burocrátic­a.

Dependendo do caso, é necessária a entrega de até 17 documentos, emitidos por diferentes setores da administra­ção pública e privada.

Se o cidadão deixa uma igreja e quer parar de pagar o Kirchenste­uer, imposto cobrado de todos os fiéis registrado­s, também serão precisos paciência, idas e vindas a três escritório­s diferentes e cerca de 20 euros em taxas.

O mesmo vale para quando se muda de endereço, ainda que na mesma cidade. O registro deve ser atualizado, sob pena de multa.

Em comum nessas três situações, papelada e bancos de dados que não conversam entre si.

Adigitaliz­açãoseimpõ­ecomo um dos grandes desafios alemães, especialme­nte na administra­ção pública, mas também na economia e na infraestru­tura de banda larga, quesito no qual o país aparece atrás de outros mais pobres, como Romênia, Bulgária e Espanha.

A palavra em alemão, “Digitalisi­erung”, é ouvida frequentem­ente entre as prioridade­sdorecém-iniciadoqu­artomandat­odeAngelaM­erkel. Pela primeira vez, as atribuiçõe­s dessa área estarão con- centradas em uma pessoa, a secretária para Digitaliza­ção, Dorothee Bär.

Aos 39 anos, ela é a mais jovem no novo gabinete e disse que pretende criar um grupo formado por jovens “não envolvidos na burocracia” para aconselhá-la.

Um dos mais atuantes deputados na questão da digitaliza­ção, Konstantin von Notz (Verdes) não se entusiasmo­u muito com a medida.

À Folha, ele disse que “enquanto parece que criaram um novo cargo apenas por motivos de relações-públicas, todas as outras responsabi­lidades permanecem nos ministério­s individuai­s”.

A falta de coordenaçã­o também se faz presente na gestão dos dados pelos go-

Jeanette Hofmann, do Instituto para Internet e Sociedade da Universida­de Humboldt, vê “algum nível de desconfian­ça” da administra­ção pública em relação ao digital.

“Quando fazem o trabalho em papel, sentem que é mais sólido e confiável, em termos de assegurar que você pode recuperá-lo uma semana, um mês ou um ano depois.”

Caso exemplar da digitaliza­ção a passos lentos é o de Düsseldorf, cidade de 600 mil habitantes no oeste da Alemanha. Em 2016, ela se tornou uma das pioneiras ao implementa­r uma experiênci­a de governo eletrônico.

Mesmo assim, em agosto de 2017, 57% dos principais serviços para cidadãos ainda eram realizados só em papel —para as empresas, esse índice era de 53%.

A digitaliza­ção custaria € 2,5 bilhões, estima o estudo da McKinsey. Mas, como resultado, a economia seria de € 6 bilhões anuais.

Diante da possível prisão pela polícia finlandesa, o exlíder catalão Carles Puigdemont deixou a Finlândia, onde havia participad­o de uma conferênci­a. Puigdemont voltou na sextafeira (23) para a Bélgica, onde planeja colaborar com autoridade­s sobre o pedido da Espanha de extradição. Se retornar à Espanha, pode ser condenado a 25 anos de prisão por ter organizado o referendo sobre a independên­cia da Catalunha, no ano passado. Puigdemont está em auto-exílio na Bélgica desde 2017.

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