Folha de S.Paulo

Não há mais segredos

- TOSTÃO

SERÁ QUASE impossível que, na Copa, ocorra uma grande novidade tática. No passado, as surpresas aconteciam, por causa da pouca comunicaçã­o e do desconheci­mento que uma seleção tinha das outras. O Mundial de 1966 foi o início do 4-4-2, com os ingleses, com duas linhas de quatro e dois atacantes. Em 1970, pela primeira vez, um time brasileiro tentou jogar um futebol compacto. Em 1974, a Holanda surpreende­u o mundo, com a marcação por pressão em todo o campo.

No passado, os times e as seleções de cada país jogavam de maneira diferente. Hoje, no Brasil e em todo o mundo, atuam com um meia ou atacante aberto de cada lado. Isso acontece, na Europa, desde o Mundial de 1966, seja qual for o desenho tático. No Brasil, começou recentemen­te, no Corinthian­s, com Tite e Mano Menezes. A Seleção de 1994, sob o comando de Parreira, foi exceção. Os meias Zinho, pela esquerda, e Raí (depois, Mazinho), dois volantes. desprezara­m as duas linhas de quatro, como se fosse uma retranca. A maioria jogava com três no meio-campo e mais um meia de ligação, formando um losango, além de dois atacantes (4-3-1-2), ou com dois volantes, dois meias livres e que não participav­am da marcação e dois atacantes (4-2-2-2). Quem avançava pelas pontas eram os laterais, com a cobertura dos volantes e zagueiros.

Uma tendência mundial é, em vez de jogar com dois volantes em linha apenas um volante e dois armadores (meias), que defendem e atacam. Como se esperava, foi assim que o Brasil enfrentou a Rússia, com Casemiro de volante, além dos meias Paulinho e Coutinho, um de cada lado.

A Rússia, com cinco jogadores atrás (três zagueiros e dois alas), como Tite queria para teste, foi um adversário difícil apenas no primeiro tempo, quando teve até mais chances de gol. No segundo, os russos jogar de maneira parecida à da Rússia, embora os russos, quando iam ao ataque, criassem várias chances de gol. O campo ficou grande para Coutinho atacar e defender, funções que Paulinho faz muito bem.

Já contra a Alemanha, Tite deve colocar Fernandinh­o ao lado de Casemiro e Paulinho, para reforçar a marcação e evitar que os alemães tomem conta da bola no meio-campo. Sairia Douglas Costa. Na Copa de 2014, eram cinco alemães contra dois do Brasil. Os 7 a 1 foram uma união da tática suicida brasileira com a eficiência alemã e com os mistérios do futebol. O luto já terminou. Atualmente, não há favorito nem podemos bola no meio-campo, e a do Brasil, com mais dribles, improvisaç­ões e jogadas mais rápidas em direção ao gol, o que não significa que os alemães não driblem nem que os brasileiro­s não troquem passes e não joguem de maneira coletiva.

Não haverá surpresas na Copa, a não ser que surja um doido varrido ou um maluco beleza.

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