Folha de S.Paulo

Caravana e palanque de Lula são alvo de ovos em SC

Assessores recorreram a guardachuv­as para proteger ex-presidente

- CATIA SEABRA

Petista chamou agressor de canalha e pediu que PM desse ‘um corretivo’ nele; ônibus teve janela quebrada

A caravana que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz pela região Sul voltou a ser alvo de ataques de ovos e pedras neste domingo (25).

À noite, no ato que encerrou a programaçã­o do dia em São Miguel do Oeste (SC), ovos foram lançados sobre o palanque em que o petista discursava. Assessores seguraram guarda-chuvas ao redor de Lula para evitar que ele fosse atingido.

“Esse cidadão está esperando que a gente fique nervoso, suba lá e dê uma surra nele. A gente não vai fazer isso”, disse o ex-presidente. “Eu espero que a PM tenha a responsabi­lidade de entrar naquela casa, pegar esse canalha e dar um corretivo nele, que ele precisa ter para não atacar ovo nas pessoas.”

O petista chamou o agressor também débil mental, se disse triste com o ocorrido e completou: “Haverá um dia em que esse filho da mãe vai cair numa desgraça tão grande que ele vai implorar para ter um ovo para comer, e vai ter apenas a casca para ele”.

Mais cedo, quando a caravana chegava à cidade, vinda de Nova Erechim, um grupo de aproximada­mente 30 manifestan­tes cercou os três ônibus da comitiva e, observado a distância por policiais militares, arremessou ovos e pedras contra os veículos.

A janela do motorista do ônibus ocupado por Lula foi quebrada, forçando que a caravana estacionas­se no acostament­o, metros à frente. Carros particular­es também foram atingidos pelos manifestan­tes, que o esperavam no trevo de acesso ao município.

Minutos antes a PM havia proibido a permanênci­a de ônibus do MST no trevo onde Lula era aguardado por opositores. Por isso, a comitiva do petista estava sem a escolta dos sem-terra que tem a acompanhad­o.

Irritado, o coordenado­r da caravana, Márcio Macedo, se dirigiu até os agentes policiais encarregad­os da segurança do grupo para cobrar responsabi­lidade.

Líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS) procurou as autoridade­s responsáve­is pela integridad­e física do expresiden­te para exigir providênci­as. “O que aconteceu aqui foi um atentado. Poderia ter acontecido uma tragédia”, disse Pimenta. “Esse não é um ato político. É um ato criminoso.”

No sábado, Lula havia enfrentado problemas semelhante­s em sua programaçã­o em Chapecó —cidade a cerca de 130 km de São Miguel do Oeste. Manifestan­tes contrários à presença do petista bloquearam vias de acesso à cidade, forçando-o a percorrer uma rota alternativ­a.

Depois, cercaram o hotel onde a comitiva se hospedou —Lula teve que deixar o lugar pelos fundos para se dirigir ao ato em uma praça próxima, e a polícia lançou uma bomba de efeito moral para abrir caminho.

Coordenado­r da caravana, o ex-deputado Paulo Frateschi levou uma pedrada na orelha esquerda. No local do ato, manifestan­tes pró e contra o petista entraram em confronto que envolveu o arremesso de ovos e pedras. Um homem acabou atingido na cabeça.

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