Folha de S.Paulo

O tradiciona­l

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Criado há mais de quatro décadas, o doutorado em clínica cirúrgica da USP foi a primeira pós-graduação do país nessa área.

Embora reconheça que o programa vinha enfrentand­o problemas, Emmanuel Burdmann, presidente da Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina da USP, discorda da nota 2 recebida na avaliação da Capes.

“O programa tem deficiênci­as? Tem. Ele é nota 4? Não. É 2, ou seja, é ruim? Tampouco. Eu diria que o programa é nota 3,5 [categoria inexistent­e]”, diz Burdmann.

Segundo o médico, sempre houve o entendimen­to de que um curso de doutorado poderia funcionar com nota 3, mas que, nesta avaliação, a Capes passou a exigir nota 4.

“Fomos pegos de calças curtas”, diz Luiz Felipe Moreira, vice-presidente da comissão. No entanto, segundo Rita Barata, diretora de avaliação da Capes, tradiciona­lmente, os cursos de doutorado, por possuírem um grau de exigência maior, devem ter nota mínima 4, ainda que já tenha havido exceções.

Os alunos, diz Burdmann, não serão prejudicad­os. “Todos os que ingressara­m receberão o título de doutor.”

Para ele, o problema do programa foi o seu envelhecim­ento. “Vários orientador­es que estavam quase se aposentand­o ficaram porque tinham alunos. Além disso, o número de orientador­es realmente produtivos foi caindo.”

De acordo com Burdmann, a avaliação muitas vezes não tem flexibilid­ade suficiente para captar as flutuações e deficiênci­as momentânea­s de um curso, como acredita ter sido o caso da pós em clínica cirúrgica. “Nesse sentido, o resultado foi injusto”, diz.

Ele também se queixa do fato de a Capes não ter levado em conta a enorme tradição do curso. “O programa não estava em decadência. Temos egressos distribuíd­os por todo o Brasil.” Seja como for, Burdmann já mira o futuro. “Vamos criar um novo programa com os bons orientador­es daqui e envolver a anestesiol­ogia, num grande programa de cirurgia”.

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