Pequim convoca membros da OMC a se unir contra EUA
Enviado da China a Genebra diz a delegados que plano de Trump quer destruir a organização de comércio ao violar suas regras
A China convocou os membros da OMC (Organização Mundial do Comércio) nesta segunda-feira (26) a se unir para evitar que os Estados Unidos destruam a organização e pediu que eles se oponham às tarifas americanas contra o suposto roubo de propriedade intelectual da China.
O enviado de Pequim, Zhang Xiangchen, disse aos delegados do órgão de Genebra que o plano do presidente americano, Donald Trump, de impor tarifas de até US$ 60 bilhões a produtos chineses violou as regras da OMC.
Para defender as tarifas, Trump se baseia na Seção 301 do Ato de Comércio de 1974 dos Estados Unidos.
“Os Estados Unidos estão estabelecendo um precedente muito ruim ao romper bruscamente seu compromisso com o mundo. Os membros da OMC devem evitar conjuntamente a ressurreição de investigações [baseadas na Seção] 301 e prender essa fera de volta na gaiola das regras da OMC”, afirmou Zhang.
Investigações unilaterais sob a Seção 301 são fundamentalmente contra as regras da OMC, disse Zhang, acrescentando que Washington se comprometeu, após uma decisão anterior da OMC, a não impor tais tarifas a menos que ganhe o direito de fazê-lo em uma disputa na OMC.
A China está preparada para reagir usando as regras da OMC e outras formas necessárias para proteger seus direitos e interesses, afirmou Zhang, de acordo com uma cópia de suas observações fornecidas à agência Reuters.
“O unilateralismo é fundamentalmente incompatível com a OMC, como fogo e água. No mar aberto, se o barco virar, ninguém está a salvo de afogamento. Não devemos ficar parados vendo alguém destruir o barco. A OMC está sitiada e todos nós devemos nos unir para defendê-la.”
O governo Trump já foi acusado por vários países de criar uma crise na OMC ao impedir a nomeação de juízes de comércio e ao citar a segurança nacional —tradicionalmente um tabu no órgão— para justificar tarifas mundiais sobre aço e alumínio.
Um representante dos Estados Unidos na reunião defendeu a decisão de Trump, dizendo que a transferência de tecnologia custa bilhões de dólares anualmente.