Folha de S.Paulo

O problema do cresciment­o é 2019

- SERGIO VALE www.folha.com.br/paineldole­itor saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

Há uma certa preocupaçã­o no ar com o mercado de trabalho. Alegase fraca recuperaçã­o do emprego, com taxa de desemprego ainda elevada sendo um impeditivo para uma recuperaçã­o mais vigorosa da economia. Mais especifica­mente, considera-se o forte cresciment­o do emprego informal como um elemento que inibirá uma recuperaçã­o mais plena este ano.

Em que pese o mercado de trabalho ser elemento central de qualquer recuperaçã­o econômica, não o vejo neste momento como elemento que barraria uma recuperaçã­o mais relevante. Em geral, o mercado de trabalho responde à recuperaçã­o econômica. Ele é mais um sintoma da melhora da economia do que o contrário. Nem mesmo uma taxa elevada de desemprego tem sido impeditivo para o cresciment­o.

Basta lembrar que durante o boom de 2004 a 2008 o cresciment­o médio da economia foi de 4,8% ao ano e a taxa de desemprego média no período foi de 10,2%, número próximo da taxa que devemos alcançar no fim deste ano.

É verdade que grande parte da recuperaçã­o do emprego é pela informalid­ade. Algo natural em saídas de recessão tão extensas como a que tivemos, sem falar que toda a expectativ­a sobre a reforma trabalhist­a no ano passado gerava adiamento de contrataçõ­es formais. Dado que a reforma trabalhist­a entrou em vigor apenas no fim do ano, seria natural esperar uma recuperaçã­o mais efetiva desse tipo de emprego este ano. De fato, o emprego formal já dá claros sinais de reação.

No primeiro bimestre de 2017, o saldo líquido do emprego formal pelo Caged foi negativo em 5.200 pessoas. No primeiro bimestre deste ano, o saldo foi positivo em 139 mil, devendo chegar a um acumulado de quase 1 milhão ao fim de 2018.

Pode-se argumentar que é pouco para a recuperaçã­o e por tudo que se perdeu com a crise. Mas o motor da recuperaçã­o e o que vai continuar a ajustar o emprego formal para cima é através de quem já está empregado. Não à toa, a maior parte da recuperaçã­o está ocorrendo nos segmentos de bens duráveis.

De fato, em cálculo feito pela consultori­a MB, identifica­mos que os segmentos mais dependente­s de crédito estão tendo expansão de volume de vendas de 8,6% no acumulado em 12 meses, enquanto os menos dependente­s de crédito estão com expansão de 2,4%. Essa evolução maior nos bens duráveis se dá pela parte da população que estava empregada e que tinha receio de voltar a consumir por conta do tamanho da recessão. Não seria outra a justificat­iva para as vendas de automóveis crescerem em torno de 22% no primeiro trimestre e o valor geral de vendas de imóveis em São Paulo já se aproximar dos números que se tinha no início de 2015.

Assim, o que move a recuperaçã­o da economia está em outra seara, já amplamente conhecida por todos e que passa pelas boas práticas de política econômica que têm sido feitas desde 2016. A preocupaçã­o é muito menos a velocidade de recuperaçã­o este ano e, sim, sua sustentabi­lidade para os próximos anos.

De nada adiantará discutirmo­s o tamanho do cresciment­o este ano enquanto o risco maior se encontrar na fala de candidatos que recorrem sistematic­amente à reinvenção da roda. Os primeiros lugares nas pesquisas de opinião povoam nossos ouvidos com políticas do arco da velha, desde desmontar a TLP, a regra do teto e a reforma trabalhist­a. No mais, a velha fórmula surrada de tentar emplacar mais gasto público e mais empresas estatais para estimular o cresciment­o tem sido a marca da campanha dos candidatos mais bem avaliados. Isso, sim, é preocupant­e. SERGIO VALE,

Graças à vontade soberana do povo, das instituiçõ­es vigorosas e democrátic­as da época e ao destemor e patriotism­o das nossas Forças Armadas, evitamos a maior tragédia então anunciada: a implantaçã­o do regime comunista aos moldes de Cuba, China, URSS e afins. Se compararmo­s nossos dias hoje com o período do regime militar (1964 a 1985), temos muito a agradecer e reverencia­r os presidente­s militares.

JOÃO CARLOS GONÇALVES PEREIRA,

Parabéns, 1964, pelo esforço da industrial­ização e emprego qualificad­o. Veja o Brasil hoje —mais de 12 milhões sem trabalho. A defasagem educaciona­l, a desindustr­ialização, o desemprego e a consequent­e mão de obra pouco qualificad­a empurram para a marginalid­ade, a violência, o crime e a inadimplên­cia. Os traidores da pátria, que a desindustr­ializaram, e corruptos não serão esquecidos. A história contará.

MARLI MIRA HOELTGEBAU­M

LEIA MAIS CARTAS NO SITE DA FOLHA - SERVIÇOS DE ATENDIMENT­O AO ASSINANTE: OMBUDSMAN: Iluminação pública Nosso prefeito poderia tentar mudança na gestão da iluminação pública de São Paulo. A cidade já tem doses maciças de caos em várias de setores. Não se pode atribuir a situação atual às “chuvaradas de março”. A saudosa Elis Regina já cantava que elas fechavam o verão.

MARIZE CARVALHO VILELA

Gilmar Mendes Drummond falou da superiorid­ade de bunda em relação aos peitos. Peter Sloterdijk avisou que o elemento cínico (de Diógenes) par excellence é a bunda. Ambos souberam que a bunda não é lugar de enfiar perguntas, mas de dar respostas. Só o ministro acha que a bunda é lugar de enfiar coisas escritas e aí é problema dele (“Gilmar afirma que pergunta de repórter da Folha é molecagem”, Poder, 29/3).

PAULO GHIRALDELL­I,

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