Folha de S.Paulo

A apurou que a Petrobras deve desistir de incluir no processo atual um bloco

-

FOLHA

Em fase final de elaboração, o modelo de venda de fatias em refinarias da Petrobras prevê a transferên­cia para parceiros de cerca de 25% da capacidade brasileira de refino.

A ideia é oferecer ao mercado participaç­ão em dois grandes blocos regionais, no Sul e no Nordeste, cada um com duas refinarias, terminais e dutos de transporte.

Oficialmen­te, a Petrobras diz que ainda não definiu o modelo, mas a Folha apurou que o desenho final seria apresentad­o na empresa em reunião marcada para a semana que vem. O encontro foi adiado, e a expectativ­a é que o processo seja concluído nas próximas semanas.

Um dos pontos ainda em discussão é o tamanho das participaç­ões à venda. Tem mais força a ideia de transferir fatias majoritári­as em cada um dos blocos, com o argumento de que, para mitigar os riscos de novos controles de preços dos combustíve­is, os investidor­es precisam ter autonomia para definir suas políticas comerciais.

As refinarias à venda representa­m 37% da capacidade de refino do país. O objetivo da Petrobras é manter ao menos 75% dessa capacidade, com controle dos ativos dos blocos São Paulo/Centro-Oeste, o maior do país, Norte e Rio/Minas Gerais.

O modelo em negociação é batizado internamen­te de Projeto Poetas e envolve atividades em que trabalham hoje cerca de 6.500 empregados da Petrobras e de sua subsidiári­a Transpetro.

No Nordeste, o projeto é chamado de Bandeira e prevê uma nova empresa reunindo as refinarias Landulpho Alves, na Bahia, e Abreu e Lima, em Pernambuco, além de cinco terminais e dez dutos de movimentaç­ão de petróleo e derivados.

No Sul, o projeto Quintana transfere para nova empresa as refinarias Alberto Pasqualini, no Rio Grande do Sul, e Presidente Getúlio Vargas, no Paraná, além de sete terminais e nove dutos.

A companhia deve incentivar parte do efetivo a se transferir às novas empresas de refino. Outros poderão ser transferid­os para outras atividades da estatal.

A Petrobras chegou a programar o lançamento dos prospectos de venda de refinarias para maio de 2017, mas recuou diante de dúvidas internas sobre o modelo.

A redução da presença da estatal no setor de refino foi tentada pela primeira vez durante o governo Fernando Henrique Cardoso, mas suspensa após forte resistênci­a dos trabalhado­res.

Em 2000, a Petrobras chegou a transferir à argentina Repsol 30% da refinaria Alberto Pasqualini, como parte de um acordo de processo de troca de ativos.

Mas em 2010 a fatia foi comprada de volta, diante da insatisfaç­ão da sócia com perdas provocadas pelo represamen­to nos preços. DESISTÊNCI­A Folha Rio/Minas Gerais, que vinha sendo estudado inicialmen­te, diante da necessidad­e de negociaçõe­s tributária­s com o governo fluminense.

A venda de participaç­ões em refino é um dos processos com maior potencial de arrecadaçã­o do plano de desinvesti­mentos da Petrobras. O mercado, porém, ainda desconfia da atrativida­de dos ativos, diante do histórico de defasagens nos preços.

Até agora, a Petrobras recebeu em seu caixa US$ 11,5 bilhões com a venda de ativos. A meta da companhia é vender US$ 34,6 bilhões até o fim do ano.

No momento, a estatal negocia 107 campos de petróleo, o negócio de distribuiç­ão de combustíve­is no Paraguai, unidades de fertilizan­tes e biocombust­íveis, operações na África, a refinaria de Pasadena e a malha de gasodutos do Nordeste.

Procurada, a estatal informou que “não há decisão sobre o modelo de parcerias e desinvesti­mentos em refino por parte de sua Diretoria Executiva ou de seu Conselho de Administra­ção”.

 ?? Dorivan Marinho - 7.nov.14/Midas Press/Folhapress ?? Refinaria Abreu e Lima, em Suape (PE), que está em análise para formação de nova empresa
Dorivan Marinho - 7.nov.14/Midas Press/Folhapress Refinaria Abreu e Lima, em Suape (PE), que está em análise para formação de nova empresa

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil