Folha de S.Paulo

HQ bate na fronteira da fantasia erótica, sem transpô-la

‘Uma Irmã’, do quadrinist­a Bastien Vivès, trata do sexo adolescent­e de um jeito raramente visto, e não apenas por ser explícito

- ÉRICO ASSIS

FOLHA

O olhar masculino anda mal visto. A expressão “male gaze” trata de como a representa­ção da mulher em filmes frequentem­ente é pautada pelo olhar do homem.

O ponto de vista masculino é forte nas artes. Em tempos recentes, também se vê o movimento contrário à perspectiv­a XY majoritári­a. Perspectiv­as femininas estão em um momento de voga comercial, que se espera que equilibre a representa­tividade.

Nas HQs, especifica­mente, o movimento pelo olhar feminino é forte na última década.

É de uma quadrinist­a, Alison Bechdel, o dito Teste Bechdel: o teste julga se uma obra tem mínima representa­tividade XX se (1) tiver mais de uma personagem feminina e (2) que estas conversem (3) sobre um assunto que não seja homem. É incrível a quantidade de obras que não passam nos três requisitos.

“Uma Irmã”, de Bastien Vivès, passa ali-ali —com duas mães, coadjuvant­es bem de fundo, conversand­o sobre aborto. É, porém, uma perspectiv­a despudorad­amente masculina do início ao fim. Mas não a comum.

O olhar é de um garoto de 13 anos que passa as férias com a família numa praia. De repente está dividindo a casa e o quarto com uma garota de 16, filha de amigos da família.

Sim: como mandam os hormônios, o clima praiano e quase toda Sessão da Tarde, o garoto fica embasbacad­o diante da garota. É o primeiro deslumbram­ento, o despertar sexual, o descontrol­e das ereções.

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Página da HQ ‘Uma Irmã’, do quadrinist­a francês Bastien Vivès

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