Folha de S.Paulo

Supremo manda soltar amigos de Temer e outros presos de operação

Barroso atendeu a pedido da PGR, que alegou que objetivo das prisões já tinha sido alcançado

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Ao longo deste sábado, investigad­os foram ouvidos pelo terceiro dia em SP, com presença de procurador­es do MPF

O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), mandou soltar neste sábado (31) os dez presos da Operação Skala, entre eles dois amigos do presidente Michel Temer, o advogado José Yunes e o coronel João Baptista Lima Filho.

A decisão atendeu a pedido da procurador­a-geral da República, Raquel Dodge. Em documento enviado à tarde ao ministro, ela justificou que as medidas cumpriram o objetivo legal.

Barroso é o relator do caso e expediu os mandados no âmbito do inquérito que apura possíveis irregulari­dades na edição do decreto dos portos. A suspeita é que a medida tenha favorecido empresas do setor em troca do pagamento de propina.

Houve busca e apreensão de documentos nos endereços dos investigad­os. Além disso, nos últimos dois dias, procurador­es que atuam na PGR acompanhar­am os depoimento­s dos alvos da operação. Ouvi-los, segundo os investigad­ores, era um dos propósitos da operação.

As prisões se deram na última quinta (29) e tinham prazo até a próxima segunda (1º).

Das 13 pessoas alvos de mandados de prisão, três, ligadas ao grupo Libra, não foram encontrada­s por estarem no exterior. A PGR disse, em comunicado, que esses investigad­os estão “dispostos a se apresentar­em à autoridade policial tão logo retornem”.

A Polícia Federal tomou novos depoimento­s dos presos da operação em São Paulo ao longo deste sábado. Nove deixaram a superinten­dência do órgão ainda no fim da noite.

A ordem para refazer alguns dos depoimento­s veio de Raquel Dodge. Ela determinou que procurador­es do Ministério Público Federal acompanhas­sem as audiências, já que representa­ntes do órgão não tinham estado presentes em todas as sessões.

Yunes foi um dos interrogad­os neste sábado. O coronel Lima, que na sexta (30) alegou problemas de saúde e psicológic­os para adiar seu depoimento, novamente não falou. Ele é dono da Argeplan Arquitetur­a, suspeita de participaç­ão no esquema.

Uma nova data será marcada, segundo o advogado do coronel, Cristiano Benzota. Ao ser preso, Lima passou mal e foi para o hospital.

Lima conseguiu adiar ao longo de oito meses as tentativas da PF de ouvi-lo no inquérito, como mostrou a Folha em fevereiro. Ele apresentou pelo menos três atestados médicos para dizer que não tinha condições de comparecer.

A Operação Skala também prendeu antigos aliados de Temer, como o ex-ministro da Agricultur­a Wagner Rossi (MDB-SP), e empresário­s.

Em sua decisão, Barroso disse haver indícios de “um esquema contínuo de concessão de benefícios públicos, em troca de recursos privados, para fins pessoais e eleitorais, que persistiri­a por mais de 20 anos no setor de portos, vindo até os dias de hoje”.

Todos os citados negaram ter envolvimen­to no suposto esquema de corrupção.

Na sexta (30), Temer divulgou uma nota acusando autoridade­s ligadas à investigaç­ão de tentar destruir sua reputação por meio de métodos autoritári­os. (FÁBIO FABRINI, LETÍCIA CASADO E JOELMIR TAVARES)

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