Startup extrapola fronteiras e conquista mercado global
Empresas jovens focam desde cedo expansão e negócios internacionais
Folha identificou 52 casos de companhias que atuam no exterior; Pipefy já tem 8.000 clientes em 150 países
Uma série de empresas criadas no Brasil quer deixar para trás a ideia de que o país tem uma economia fechada e produz poucos negócios internacionais.
Ainda não há uma pesquisa que quantifique quantas são as startups buscando clientes fora do Brasil, mas, em conversas com profissionais do setor, a reportagem identificou 52 casos.
A internacionalização precoce é favorecida pelo fato de muitas delas não dependerem da venda de produtos e serviços entregues fisicamente, diz Juarez Leal, coordenador de internacionalização da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações).
Conforme as startups brasileiras amadurecem e mais empreendedores percebem que é possível competir no mercado internacional, está se tornando mais comum que se criem empresas pensando em como um dia atuar globalmente, afirma Rafael Ribeiro, diretor-executivo da ABStartups (associação do setor).
A Pipefy (de software para gerir rotinas de empresas) nasceu em 2014 com site em inglês e mirando no exterior.
Impulsionada por avaliações positivas em sites especializados internacionais, a empresa conquistou cerca de 8.000 clientes em 150 países.
Alessio Alionco, 31, fundador da empresa, diz que ser internacional desde o início aumenta o mercado da startup. Também a força a buscar o mesmo nível de qualidade de serviço de seus concorrentes globais e, com isso, ser mais competitiva.
Na semana passada, a companhia recebeu US$ 16 milhões em investimentos dos fundos OpenView e Trinity, ambos dos EUA.
É comum que a decisão de ir para fora do país ocorra quando a empresa atinge estabilidade no mercado brasileiro. Nesse momento, avançar para o exterior traz a chance de uma nova aceleração do crescimento.
É assim com a RankMyApp, que oferece serviços e tecnologias para ajudar na divulgação de aplicativos. A companhia deve aumentar investimentos para atrair clientes fora do Brasil neste ano.
“Conseguimos quase tudo o que poderíamos por aqui e precisávamos de novos mercados para crescer”, diz a sócia Juliana Assunção, 29.
A startup está testando o retorno de investimentos de vendas para conquistar clientes na Colômbia, na Inglaterra, na Austrália e na Espanha.
As experiências são feitas principalmente a partir de contato por telefone e email. Os mercados onde a iniciativa der mais resultado serão priorizados, afirma Juliana.
No caso do Gympass, que vende planos de descontos em academias credenciadas para empresas, o impulso para ir para fora veio após a startup se tornar fornecedora de subsidiárias brasileiras de companhias multinacionais.
As matrizes dessas empresas se interessaram pelo serviço e incentivaram a expansão, diz Leandro Caldeira, diretor da empresa no Brasil.
A startup, aberta em 2013, já atende clientes em 14 países, incluindo Argentina, México, Alemanha, Espanha, França e Estados Unidos.