Com receio de inadimplência, faculdades privadas elevam provisões
As controladoras de grandes grupos de educação superior aumentaram a provisão para créditos de liquidação duvidosa —ou seja, elas preveem que terão mais dificuldades para recolher a receita operacional do negócio.
A Kroton aumentou essa rubrica em 64% no seu último balanço, a Ser Educacional, 47%. Das maiores, a Estácio foi a única que não alterou o montante em relação a 2017.
“O movimento é um reflexo do aumento do financiamento estudantil privado concedido aos estudantes”, afirma Jamil Marques, vicepresidente da Kroton.
A companhia adota uma política conservadora de perdas para essa modalidade de financiamento, pago após a graduação do estudante.
Esse tipo de empréstimo cresceu com os cortes no Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), crédito cujo pagamento é mais seguro.
O fundo começou a ser reA duzido a partir de 2015, quando se agravou a crise fiscal. As universidades passaram a oferecer outras alternativas de financiamento.
Ainda que alguns indicadores econômicos, como a inflação e o desemprego, apresentem melhoras, a recuperação da economia não é homogênea, e as empresas precisam ser prudentes nas provisões, lembra Marcos Piellusch, coordenador de cursos na FIA (Fundação Instituto Administração).
“O movimento das provisões é significativo para essas duas instituições. Elas cresceram em uma intensidade muito maior que a das receitas, que também subiram.”
A Ser Educacional não se pronunciou. Representantes da Estácio não foram encontrados para comentar.