Folha de S.Paulo

O invisível mora ao lado

- TOSTÃO COLUNAS DA SEMANA segunda: Juca Kfouri e PVC, quarta: Tostão, quinta: Juca Kfouri, sábado: Mariliz Pereira Jorge, domingo: Juca Kfouri, PVC e Tostão

APÓS A eliminação da Espanha na primeira fase do Mundial de 2014, os apressados disseram que era o fim de uma grande geração. Piqué, Sergio Ramos, Busquets e Iniesta continuam brilhando no Barcelona e no Real Madrid. De Gea, Carvajal, Jordi Alba, Thiago Alcântara, Isco, David Silva e Asensio são destaques nas melhores equipes do mundo. Diego Costa é artilheiro.

A ideia espanhola, de troca de passes e de infiltraçõ­es no momento certo, continua viva. Faltava um Tite espanhol para rejuvenesc­ê-la e aprimorá-la, como ocorreu com o jovem Lopetegui, que foi técnico campeão mundial nas categorias de base e que tem menos de dois anos de trabalho na seleção principal.

Messi, na tribuna, ao ver o sexto gol da Espanha, foi embora, triste, cabisbaixo. Deve ter pensado que nunca será campeão do mundo. A pequena chance seria se Sampaoli seguisse o modelo de Sabella, técnico Higuaín. Porém, Sampaoli está muito mais para o Loco Bielsa do que para o pragmático Sabella.

O problema da Argentina não é apenas coletivo. Fora Messi e alguns ótimos jogadores (Otamendi, Di María, Agüero e até Higuaín), há muitos titulares que são bons em seus times, mas fracos para uma grande seleção. Seria como se vários jogadores convocados por Tite fossem titulares, como Lucas Lima, Diego Souza, Diego, Talisca, Taison, Giuliano, mas, se atuassem vários juntos, enfraquece­ria demais a seleção.

Sampaoli, como tantos, confunde habilidade com técnica. Prefere, para a reserva de Messi, o habilidoso Lo Celso, de muitos lances, poucos decisivos, a Dybala, extremamen­te técnico, de poucos lances, porém, decisivos, como nas extraordin­árias finalizaçõ­es. A França possui uma ótima geração, mas o time tem altos e baixos. dupla de ataque com Griezmann, mas o treinador acha que Mbappé tem de jogar na ponta. Prefere, de centroavan­te, o grandalhão Giroud.

Mesmo após as duas vitórias, com boas atuações, algumas coisas precisam ser melhoradas na seleção brasileira. Contra a Rússia, na formação com um volante e dois meias ofensivos, apenas o meia Paulinho voltava para marcar. Repito, o espaço, o campo, parecia muito longo para Coutinho avançar e recuar. A Rússia, quando atacava, tinha muita facilidade e criava chances de gol.

Contra a Alemanha, Fernandinh­o reforçou bastante a marcação no meio-campo. Mesmo assim, a Alemanha, pelo alto e pelo chão. Mas, com Müller, que chega muito bem de trás para finalizar, as chances de gol da Alemanha seriam bem maiores.

Além dos fatos que podem ser vistos, analisados, esmiuçados, informatiz­ados, existem os que são invisíveis, que moram ao lado e que só se revelam após o fato consumado.

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