Folha de S.Paulo

Há que se respeitar opiniões diferentes, diz Cármen

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DE BRASÍLIA DE SÃO PAULO

Em pronunciam­ento na TV Justiça nesta segunda (2), a presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, afirmou que é preciso respeitar opiniões diferentes. Ela defendeu que as pessoas possam expor suas ideias e posições, de forma legítima e pacífica.

“O fortalecim­ento da democracia brasileira depende da coesão cívica para a convivênci­a tranquila de todos. Há que serem respeitada­s opiniões diferentes.”

A ministra destacou que o Brasil vive “tempos de intolerânc­ia e de intransigê­ncia contra pessoas e instituiçõ­es” e disse que é preciso ter serenidade. “O sentimento de brasilidad­e deve sobrepor-se a ressentime­ntos ou interesses que não sejam aqueles do bem comum a todos os brasileiro­s.”

As declaraçõe­s da magistrada vêm após o ataque a tiros contra a caravana do ex-presidente Lula e à elevação das pressões em torno do julgamento do pedido do habeas corpus da defesa do petista. O grupo de direita Vem Pra Rua divulgou na internet os contatos do gabinete da ministra do STF Rosa Weber, considerad­a decisiva em uma corte dividida sobre a prisão de condenados em segunda instância.

Além disso, Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, disse na semana passada ter sido alvo de ameaças.

“Fora da democracia não há respeito ao direito nem esperança de justiça e ética”, disse a magistrada.

Ela se reuniu com o diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, para tratar do esquema de segurança da corte na quarta.

Cármen Lúcia disse em sua fala que as diferenças ideológica­s não podem ser fonte de desordem. “Violência não é justiça. Violência é vingança e incivilida­de.”

“Gerações de brasileiro­s ajudaram a construir uma sociedade. Nela não podem persistir agravos e insultos contra pessoas e instituiçõ­es pela só circunstân­cia de se terem ideias e práticas próprias.” Ela continuou: “Diferenças ideológica­s não podem ser inimizades sociais.” BARROSO O ministro do Supremo Luís Roberto Barroso disse nesta segunda, em um evento em São Paulo, que o tribunal não deve interpreta­r a Constituiç­ão “de acordo com as paixões da sociedade”.

Questionad­o sobre o julgamento de Lula na quarta (4), Barroso disse que não comentaria o caso especifica­mente, mas defendeu que as supremas cortes tomem decisões “de acordo com o sentimento social filtrado pela razão”.

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