Folha de S.Paulo

Teologia mística luliana

- JOEL PINHEIRO DA FONSECA

EM 8 de abril de 2005, o então presidente Lula assistiu a uma missa no Vaticano e comungou. Declarou: “sou um homem sem pecados”. Ali ele nos dava os primeiros sinais da verdade mística que só se tornaria manifesta neste ano da graça de 2018.

Que ele se encontra, no mínimo, um grau acima do nível meramente humano é impossível de negar. Lembremos de sua declaração em 2016 de que “não tem uma viva alma mais honesta do que eu.” Mas será que a figura humana não esconde algo muito mais sublime?

O efeito que ele produz nos militantes nos leva a crer que sim. A professora Elika Takimoto descreveu o impacto de uma ligação telefônica com o ex-presidente: “Daí, meu povo, eu saí de mim. Meu coração acelerou. (...) Chorei como um bezerro (...) Felicidade é pouco. O que sinto não tem nome”. Se um simples telefonema faz isso, imagine o contato em carne e osso. para concluir o mesmo de Lula. “De vez em quando, eu fico pensando que as pessoas tinham de ler mais a Bíblia para não usar tanto meu nome em vão”, disse em depoimento à Justiça em 2017, casualment­e revelando sua real natureza.

No mesmo ano, no Rio, bradou às massas: “O Lula não é o Lula. O Lula é uma ideia. O Lula é uma ideia assumida por milhões de pessoas. E eles não sabem que o Lula já renasceu em milhões de mulheres e homens”. mesmo no antológico discurso em Belo Horizonte já em 2018. “O problema não é o Lula, são os milhões de Lulas.” E, por fim, a revelação plena: “Eles estão lidando com um ser humano diferente. Porque eu não sou eu, eu sou a encarnação de um pedacinho de célula de cada um de vocês”. Na democracia, Deus é o povo. Lula é Deus. Logo...

Em entrevista a jornalista­s em janeiro, declarou: “Eu quero que um ao povo”, escreveu em artigo na revista Cult. Assim, prendê-lo é inócuo. “A estrela de Lula é maior. Não se apagará de modo algum da história do Brasil, nem do coração das classes humilhadas.”

A fé acredita, mas a carne é fraca. Hoje a comunidade fiel teme a prisão do mestre, que segue os passos de Jesus, concorrent­e que ele inclusive superou, conforme revelou em 2010. “Se eu pudesse dar uma imagem das punhaladas que levei e pudesse tirar a camisa, meu corpo apareceria mais destroçado do que o de Jesus Cristo.”

O mundo celebrou neste domingo (1º) a Páscoa, dia que comemora a do Levante Popular da Juventude.

Todos aguardam apreensivo­s. Preparam romarias. Caso o pior aconteça e a lei dos homens prevaleça, será que o messias também retornará no terceiro dia? Ou será que ele é só um homem comum que foi condenado por crimes e que deve ser punido como qualquer cidadão? Não! Afaste essa blasfêmia de sua mente.

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