Sete morrem em protesto de casta mais baixa da Índia
Dalits contestam mudança em lei que determinava prisão imediata de quem os agredisse ou discriminasse
Ao menos sete pessoas morreram nesta segunda-feira (2) em protestos na Índia contra uma decisão da Suprema Corte que anulou a lei que determinava prisão imediata para quem discriminasse ou agredisse pessoas de castas mais baixas.
As manifestações foram conduzidas pelos dalits, a mais baixa das castas, de acordo com o hinduísmo.
Embora a Constituição indiana proíba a segregação do grupo, na prática ele continua sendo alvo de ataques, em especial em áreas do interior do país.
Dados oficiais mostram que 90% dos 145 mil casos de discriminação contra dalits levados à Justiça no ano passado não foram nem sequer julgados.
Uma mulher dalit foi linchada na semana passada no estado de Gujarat, no oeste, por possuir um cavalo, que é considerado um símbolo de riqueza.
A lei aprovada era uma tentativa de distender o clima de animosidade e de acelerar a punição a quem discriminasse o grupo.
A Suprema Corte, porém, decidiu em 20 de março que a regra abria brechas para uma aplicação aleatória e a modi- ficou, estabelecendo que é necessária uma autorização para que a prisão do autor da injúria seja efetuada.
Organizações de dalits, que representam uma população de cerca de 200 milhões de pessoas, convocaram então uma greve geral, que culminou com os protestos desta segunda. Segundo elas, a modificação feita pela Suprema Corte torna a lei inócua.
Imagens de TV mostraram os manifestantes entrando em confronto com policiais em diversas partes do país.
Foram registrados episódios de violência em pelo menos seis estados, incluindo em Madhya Pradesh, no centro, onde quatro pessoas morreram, segundo a polícia local. A imprensa indiana noticiou ainda outras três mortes em localidades distintas.
O governo do primeiro-ministro Narendra Modi disse que entrou com um pedido para que a Suprema Corte reveja sua decisão e autorize a aplicação da lei como ela havia sido redigida originalmente, mas não há um prazo que que a Justiça responda à solicitação.