Folha de S.Paulo

Dívida antiga da Eletrobras pode ser dobrada

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Escritório­s de advocacia que defendem credores da Eletrobras calculam que o passivo com dívidas que a estatal criou nas décadas de 1970 e 1980 é pelo menos o dobro do que o valor provisiona­do pela empresa.

A companhia de energia inseria nas contas de luz de grandes consumidor­es um valor que representa­va um empréstimo para ela mesma, durante os anos 1970 e 1980.

Parte dessas dívidas foram vendidas, e há fundos que compraram esses títulos. O advogado de um deles calcula que haja cerca de R$ 35 bilhões espalhados. A principal discordânc­ia é sobre o cálculo dos juros.

No último balanço da estatal, foi reconhecid­o um total de R$ 16,6 bilhões.

“Só o meu escritório representa detentores de R$ 10,2 bilhões, e esse valor está em termos nominais e ainda precisa ser corrigido”, diz José Carlos Pereira, do Pereira e Pereira Associados.

A Eletrobras tem critérios para decidir quanto provisiona no seu balanço, segundo a empresa informa em nota.

Para causas que ela considera que terão desfecho negativo, ela inclui os valores.

Aquelas que ela mesma classifica como possíveis de serem vencidas na Justiça não têm provisões no balanço, mas são destacadas em notas explicativ­as no documento.

Finalmente, as que ela considera ter chance remota de perder só são citadas se a administra­ção considerar que há algo para ser divulgado.

Há dois julgamento­s em tramitação que podem ter um impacto relevante nessa conta, segundo a Eletrobras, e os valores deles ainda não apareceram nos balanços.

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